Nesta página você aprende sobre os cinco princípios da realidade e seus subtópicos.
São eles:
Princípios
Os princípios são as raízes da
experiência humana.
Os princípios são o núcleo da teoria (e da prática também).
Os princípios são um importante núcleo da teoria da vida em aulas. Eles são as nossas raízes e cânones.
Mais do que simples aspectos componentes da realidade, eles são as únicas proposições que fazemos aos leitores e estudantes, ou seja, recomendamos o aprendizado, adoção e prática dos princípios na vida de cada um.
Com isso, além de reconhecermos que os princípios descrevem a realidade como ela é, nós também afirmamos que aprender os princípios e incorporá-los como valores pessoais tem o efeito (intrapessoal e interpessoal) de enriquecer a nossa vida, permitindo que pensemos melhor, sintamos melhor e que convivamos melhor com os demais.
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Fontes de influência.
Origem dos princípios desta teoria: todas as incontáveis influências e leituras na vida de seu autor, e em especial as Ordens da Constelação Familiar, que são a base - mais ou menos adaptada - de três dos cinco princípios.
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Você troca a leitura de centenas de livros por apenas um?
(ainda sobram milhares, mas mesmo assim rs)
Os princípios também trazem um grande ganho de tempo para a vida de seus estudantes. Minha opinião é de que o conhecimento e entronização dos cinco princípios pode ser capaz de economizar na leitura de algumas centenas de livros cuja essência é uma variação ou desdobramento de um dos cinco princípios apresentados aqui. Sim, as leituras trazem outras informações relevantes, e conhecer as variações dos princípios é uma forma indireta de alcançá-los, mas desperdiçar um caminho direto à fonte dos conhecimentos fundamentais de nossa vida é perder um tempo precioso que não temos.
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Para que servem?
Os princípios nos ajudam a lidar com viéses típicos que atrapalham a nossa vida, tais como:
- Preferir e confundir as sombras da caverna, a aparência das coisas, o estado atual dos componentes da realidade, com a existência de cada coisa, que não deixa de existir só porque a sua forma mudou,
- Preferir e confundir o ideal da perfeição, que nos promete uma utopia definitiva e completa, em vez de aceitar a variação da vida e a sua natural dinâmica de forças,
- Preferir e confundir as conexões e subordinações que a vida impõe com a autonomia que a vida permite,
- Preferir e confundir a autonomia, relativa, que a vida permite com a ausência de relações que nos conectam entre si e formam um todo maior que nos abrange.
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Os princípios são:
1) Existência,
2) Variação,
3) Pertencimento,
4) Forças e Contraforças,
5) Autonomia,
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Os princípios da realidade como ela é são os princípios basilares, os valores essenciais, as regras superiores, as diretrizes e o "dna"de nossa realidade, do que ela é e do que ela pode ser.
Os princípios são a única proposição que fazemos nesta teoria da realidade como ela é. A proposta que fazemos é que devemos, a cada momento, reconhecer e reinventar:
a) existência das coisas como são em nosso mundo,
b) a variação que faz com que tudo mude o tempo todo no mundo,
c) o pertencimento que faz com que tudo esteja conectado a uma realidade maior,
d) as forças e contraforças que faz com que as coisas se influenciem umas as outras, que estejam em tensão quando num equilíbrio estável e sempre propensas a um movimento que decorre da interação sobre todas as forças.
e) a autonomia que tem cada ser, cada parte, cada realidade, de ser como é, e de, ainda que minimamente, se justificarem-se a si próprios,
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Os princípios em síntese.
E para apresentarmos os princípios com frases simples que fazem uma síntese parcial do que significam, podemos dizer que:
1) Tudo existe, mesmo que sua aparência mude conforme as circunstâncias, e mesmo que eu não veja tais realidades, que eu não as toque, aceite ou compreenda,
2) Tudo varia, mesmo que conserve-se pelo tempo suficiente para assim ficar gravado em minha memória, fazendo com que aquela representação estática da realidade seja generalizada como uma abstração que está quase sempre desatualizada em relação ao que representa,
3) Tudo está conectado, ainda que mantenha uma autonomia relativa a certos aspectos, autonomia parcial que as partes têm em relação ao todo maior que compõem, e mesmo que nossa ação natural seja a de separar a realidade em partes para que possamos compreende-las e elabora-las abstratamente,
4) Tudo vale por si, mesmo que valha também, e em igual importância, dentro das relações que mantém com os demais aspectos da realidade,
5) Tudo está numa dança de forças, mesmo que num certo momento encontre-se num estado de equilíbrio simétrico e estático, cuja aparente "soma zero" é um circunstancial ajuste de forças que em breve voltarão a se reequilibrar de outra maneira.
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Os princípios como competências para vivermos melhor.
Agora, quando juntamos os princípios com as competências, temos uma fórmula que leva esses princípios para além de serem componentes e descrições abstratas da realidade, tornando-os competências pessoais que, aprendidas, nos tornam capazes de compreender melhor o mundo em que vivemos e agir nele de forma mais benéfica aos outros e a nós mesmos.
A fórmula dos princípios como habilidades pessoais é reconhecer e reinventar:
1) Reconhecer e reinventar a existência,
2) Reconhecer e reinventar a variação,
3) Reconhecer e reinventar o pertencimento,
4) Reconhecer e reinventar a dança das forças,
5) Reconhecer e reinventar a autonomia,
'Reconhecer' é competência mais passiva, que poderia também ser descrita como "aceitar as coisas como são". 'Reinventar' é competência mais ativa, que significa criar a realidade a nossa imagem, ou melhor, recria-la na medida da nossa visão e das nossas forças. Ambas perspectivas são necessárias e válidas como habilidades para exercermos os princípios em nosso cotidiano.
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Cada princípio em si é o mais importante de todos.
Os princípios são encontrados misturados na realidade, e a sua separação e análise é um ato de abstração. Mesmo assim, cada um deles é, em si, completo e final. Tal como no livro de Howard Marks (The most important thing, com múltiplos capítulos), cada um deles é o princípio mais importante da realidade, e temos portanto cinco princípios que são perfeitos em si mesmos (mesmo que sejam incompletos em relação ao todo maior que é a realidade como ela é).
Essa abordagem, de tratar cada coisa como a mais importante de todas as outras, e tratá-las todas assim, é uma decorrência da aspecto da imanência, de considerar as coisas em si próprias. Consideradas em si próprias cada uma delas é, em si, a mais importante de todas. A outra forma é considerá-las em relação a outras coisas e aspectos. Os aspectos em si e em relação são igualmente relevantes.
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Parafraseando Iain McGilchrist, e aplicando sua fórmula aos princípios:
a) Não existem coisas que existem, mas tão somente Existência, que se manifesta como coisas que existem,
b) Não existem coisas que variam, mas apenas Variação, que se manifesta como coisas que variam,
c) Não existem coisas que pertencem, mas apenas Pertencimento, que se manifesta como coisas que pertencem,
d) Não existem coisas equilibradas e desequilibradas, mas apenas a Dança das Forças, que se manifesta como coisas em estado equilibrado e desequilibrado,
e) Não existem coisas que são autônomas, mas apenas Autonomia, que se manifesta como coisas que são autônomas,
Enfim, assim como a realidade como ela é é o último estágio das sucessivas e infinitas formações de realidades maiores a partir de realidades menores, os princípios são o último estágio das sucessivas e longas formações de aspectos maiores a partir de aspectos menores. Assim, é natural que os princípios se manifestem nos demais aspectos, mas estes não os contém.
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Cada princípio tem graus que podem ser considerados partes integrantes dele.
Embora a síntese dos princípios possa os fazer parecer óbvios e simples, nada mais enganoso que isso. Em cada um deles cabe um mundo de possibilidades, por vezes incoerentes, por vezes incompletas. Assim pode ajudar no aprofundamento imaginá-los numa escala crescente-decrescente de componentes análogos que expressam algumas de suas facetas, ou seja, como graus daquele princípio:
1) A existência varia sua estabilidade e perenidade em aspectos como a) o estado atual, b) os estados possíveis, e c) a própria realidade,
2) A variação varia o grau da mudança realizada partindo da a) incerteza, passando pela b) alteração e pela c) transformação, até chegar à d) criação,
3) O pertencimento começa com uma simples a) convergência ou b) contato, para depois criar c) conexões que estabelecem d) relações que formam um grande emaranhado que interliga todas as partes ao todo, e os todos menores aos todos maiores, formando ao final o e) pertencimento,
4) A dança das forças oscila, constante ou inconstantemente, do caótico ao ordenado, sendo que na dança das forças temos tanto o a) caos e seu processo de b) entropia quanto a c) sintropia e seu resultado de d) equilíbrio,
5) A autonomia que mal se mostra quando algo é a) indistinto, mas já está minimamente revelada em algo que é b) subordinado, antes mesmo de ser c) livre e mesmo que nunca venha a ser d) soberano.
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Aqui você encontra a lista de todos os aspectos da teoria e pode usá-la para navegar por eles.
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Crédito da foto:Jeremy Bishop: https://www.pexels.com/pt-br/foto/filiais-setores-galhos-ramos-6212885/
Princípio da Existência
Isso se manifesta...
Princípio da Variação
Manifestações
Manifestação atual, provável e possível
Princípio do Pertencimento
Relações
Princípio das Forças e Contraforças
"...
Tudo é um jogo de forças,
e na obra de arte não temos que procurar beleza
ou coisa que possa andar no gozo desse nome.
Em toda a obra humana, ou não humana,
procuramos só duas coisas,
força e equilíbrio de força - energia e harmonia.
Perante qualquer obra de qualquer arte -
desde a de guardar porcos à de construir sinfonias - pergunto só:
quanta força? quanta mais força? quanta violência de tendência?
quanta violência reflexa de tendência,
violência de tendência sobre si própria,
força da força em não se desviar da sua direcção,
que é um elemento da sua força?"
- Fernando Pessoa, in 'Correspondência'
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Toda arte é um problema de equilíbrio entre dois opostos.
- Cesare Pavese
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Explicação do que não é: A dança de forças não é um simplesmente um equilíbrio estático e simétrico (embora esse estado possa ocorrer), não é apenas um fenômeno do mundo físico, de massa, energia, magnetismo, mas uma realidade de todas as coisas concretas, abstratas e pessoais.
Termos semelhantes: Forças e Contraforças, Equilíbrio dinâmico em conjunto, desequilíbrio estável (Paulo McCulley), equilíbrio de forças, balanceamento, ponderação, dança das forças, reequilíbrio das diferenças, conjunto de vetores.
Métodos análogos e referências: Um exemplo é Aristóteles, no livro Ética a Nicômaco aborda a questão do equilíbrio e desequilíbrio dos comportamentos opostos e do comportamento equilibrado.
Aspectos relacionados: A variação é um fundamento que se relaciona muito com as forças e contraforças, pois essas criam uma tensão que ao menor reequilíbrio geram uma variação. Assim como toda variação reequilibra as forças e contraforças e altera a sua dinâmica.
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O que é - I.
As forças são a conjugação de todas as forças de cada aspecto da realidade, incluindo elementos físicos, subjetivos, simbólicos, sensoriais, volitivos, sentimentais, lógicos, transformacionais etc.
As forças e contraforças tratam da ponderação das realidades e aspectos, e da compensação dos desequilíbrios, embora não se confundam com a igualdade de um equilíbrio simétrico, estático e linear.
O equilíbrio promove a adequação relativa e proporcional de cada realidade da vida, inclusive atribuindo, a partir do pertencimento, um lugar no sistema para cada aspecto, de modo a alcançar o melhor balanceamento possível para todos.
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O que é - II.
As forças e contraforças, como os demais aspectos e como os demais fundamentos, podem ser vistas como um contínuo de diferentes graus de densidade de seu conteúdo. Com isso se temos o primeiro intervalo da extrema desorganização das forças, o caos. Depois, o processo de desordenarão que o produziu, a entropia. No meio do espectro, num grau equidistante dos extremos, o equilíbrio-desequilíbrio. Mais adiante, a sintropria, processo de ordenação oposto ao da entropia. E ao final, a ordem. E o caminho inverso pode ser igualmente percorrido.
Esse fundamento serve para entender que tudo o que existe no mundo - concreto, abstrato, pessoal ou temporal - está inserido em dinâmicas de forças e contraforças que constantemente se rearranjam e de reequilibram para balancear as demais forças. E para lembrar também que os impactos de nossas ações são muito mais amplos, e influenciados pelo contexto, do que os resultados que nos propusemos a alcançar por meio da ação executada.
O objetivo pedagógico de capacitar para a habilidade de reconhecer e reinventar a dança das forças busca desautomatizar a intuição humana de que o equilíbrio de forças entre as realidades do mundo é estático, neutro e limitado a uma única relação binária, controlável, previsível, e que não altera a qualidade e os estados das realidades submetidas a tais forças e contraforças.
Da dança das forças nascem e morrem, a cada momento e em cada relação, os estados de equilíbrio e desequilíbrio. Ou seja, as forças e contraforças funcionam também como pressuposto dos estados.
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As forças e contraforças e a Invenção.
O princípio das forças e contraforças se relaciona de forma umbilical com o domínio da invenção, afinal, o que é a criação em sua essência se não uma dinâmica de forças e contraforças entre os "competidores", dentro de certas regras e com certos objetivos?!
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As forças e contraforças e aquilo que é sobre mim.
Costumamos a pensar que vemos o mundo de forma objetiva, como ele é, até lembrarmos que o vemos com nossos olhos, lentes, perspectivas, e percebermos então que existe uma dinâmica entre nossa realidade pessoal e o restante do mundo, no qual outras realidades pessoais, abstratas e concretas interagem com a nossa (e vice-versa) para então formar o mundo como ele é.
No tópico que é sobre mim está o espaço para essa minha realidade pessoal; e a dança das forças que se estabelece entre esse tópico e o restante da realidade são a dinâmica criadora do mundo único que sou eu e minha circunstâncias e do mundo único que é o mundo visto e interpretado por mim.
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Forças e contraforças e Variação.
Não é possível que algo mude no mundo sem que isso tenha uma correspondente mudança nas forças e contraforças do que estava de um jeito e agora está de outro. Por outro lado, parece possível que as forças e contraforças mude sua tensão e direção mas não causem uma imediata, visível e necessária mudança em outros fatores. A mudança das forças e contraforças, a alteração da energia potencial, contudo, prepara e antecipa a variação da realidade e de seus aspectos.
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Dança das Forças e Pertencimento.
É íntima a relação entre as forças-contraforças e o pertencimento. Tanto é que há uma equivalência entre esses fundamentos e as ordens do dar e receber e do pertencimento nas constelações familiares.
O pertencimento estabelece as relações entre os aspectos da realidade, mas são as forças e contraforças que influencia no posicionamento e direção das coisas, o ponto de equilíbrio e o vetor das forças e contraforças, as trocas - o dar e o receber - entre as pessoas e sistemas, as dinâmicas e balanceamentos entre as relações, e assim por diante.
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Forças e contraforças e Autonomia.
Em princípio a dança das forças parece limitar a autonomia. Afinal, uma realidade tem sua autonomia restringida pelas contraforças que atuam sobre ela. Mas isso é olhar apenas para a parte vazia do copo.
A parte cheia do copo é que a força de cada realidade é o núcleo da autonomia de cada uma. A autonomia da força é resistida pela contraforça tanto quanto a autonomia da contraforça é tensionada pela autonomia da força.
Forças e contraforças versus ação e reação. As forças e contraforças, contudo, são infinitamente mais ricas e variadas do que a clássica terceira lei de Newton que trata da ação e reação na realidade concreta.
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A toda ação corresponde uma reação,
de mesmo módulo, mesma direção e de sentidos opostos. -
Isaac Newton
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Você pode ignorar a realidade,
mas não pode ignorar as consequências
de ignorar a realidade.
- Ayn Rand
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Isto por aquilo.
Isto por aquilo inclui a troca de uma coisa por outra, como é o caso da comunicação, onde se troca uma informação por outra, com o objetivo de se atingir uma homeostase informacional.
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Para a força dos ventos, a contraforça do lastro.
Antes de termos motores, como os barcos navegavam? Com as velas, que captavam o vento e o empurravam numa direção. Mas e se o vento não estivesse na direção desejada (o que é comum, afinal, o mar não tá ali para cuidar de marmanjo, como dizem os praticantes do tough love)? Nesse caso, as velas empurrariam o barco para o lado, e aí surge a pergunta: por que eles não viravam (adernavam) quando empurrados para o lado pelo vento?
A explicação fundamental é o lastro do barco (veja mais nesse vídeo), o qual, apesar das diversas formas possíveis, sempre cumpriu uma função de "puxar" o barco de volta na direção contrária a qual ele estava sendo empurrado pelo vento lateral. Esse é um bom exemplo de forças (dos ventos) que não vão na direção exata do trajeto e a engenhosidade humana de criar uma contraforça (o lastro) em sentido contrário, para manter o equilíbrio do barco e alcançar o deslocamento desejado com ele.
E o mesmo vale para o "João bobo". Não sei quem de vocês teve esse brinquedo quando criança, mas eu o amava. Nunca mais (ainda bem) alguém na minha vida foi tão resiliente e paciente ao ser atingido pela força e frequência de minhas frustrações e cobiças, voltando sempre de volta para mim com um sorriso no rosto. Ou seja, como adultos, temos que evoluir para sanar nossas dores e evitar sangrar em cima dos outros desnecessariamente.
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A cada qual, seu cada um.
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No corpo.
Existem muitos exemplos e dinâmicas nas quais se manifestam as forças e contraforças. Uma delas é a homeostase, a capacidade do organismo de apresentar uma situação físico-química característica e constante, dentro de determinados limites, mesmo diante de alterações impostas pelo meio ambiente.
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No prédio e no corpo.
As forças contrárias são também objeto da tensigridade na construção civil, biotensigridade, no corpo humano, e na tensigridade da realidade, a qual tratamos neste fundamento.
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Retribuição.
A retribuição, de um mal ou bem recebido, é uma compensação direta de uma força por uma contraforça. Muitas vezes essa retribuição é apresentada como uma ordem necessária e verdadeira do universo, um "lei", uma contraforça que reequilibra o mundo, como no caso do ensinamento de que os exaltados serão humilhados e os humilhados serão exaltados. Tal mudança, quando acontece, para nós se explica pelo fundamento da variação. Mas aceitamos aqui que ela pode acontecer ou não.
Mas quando há um objetivo de afirmar algo como uma verdade certa, pode-se perseverar na ideia da retribuição - divina no caso - e, mesmo que ela não exista aqui na terra, dizer que ela existirá no futuro, quando os ricos irão sofrer no inferno e os pobres irão viver confortavelmente no céu.
A compensação, seja vista como uma retribuição ou não, pode ser linear:
É dando que se recebe. ..."
- São Francisco de Assis.
Quem com ferro fere,
com ferro será ferido.
E a compensação/reação também pode ser totalmente desproporcional ao ato que a originou, como no caso de quem compra um ticket de loteria por 5 dinheiros e ganha um prêmio de 10 milhões de dinheiros. E ainda:
Quem semeia ventos,
colhe tempestades.
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Em todas as coisas, foge do excesso.
- Baltasar Gracian
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Estática das forças e contraforças.
Se imaginarmos uma régua, que vai do mínimo de força ao máximo de força, onde devemos nos posicionar? Embora a resposta sábia seja, depende, o fato é que existem três grandes princípios de ação: a) força original, b) contraforça, e c) e contraforça das forças.
A força original, a que naquele momento conduz o movimento, que equivale à abordagem de 'Apenas Isso' é a força primitiva, que se coloca originariamente, por ela mesma, sem tomar conhecimento das outras forças no mundo.
Eu sou mais eu.
A contraforça é a força que se desenvolve por oposição a uma força originária, ocupando um pólo oposto a ela na escala das forças e equivalendo à abordagem do 'isso ou aquilo". Aqui o aquilo - a contraforça - nega o isso - a força - assim como essa nega aquela. O que as duas têm é comum é que são contraforças uma da outra que estão fixadas numa identificação negativa ("eu não sou como aquela outra") à qual a terceira abordagem vem incomodar:
Não sei viver de meio termos.
O morno não me atrai, não me agrada.
Comigo é tudo ou nada.
- Kelly Faustino
Ou de uma forma mais requintada,
Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente.
Não ousar é perder-se.
- Soren Kierkegaard
E a terceira abordagem é a da ponderação.
Em todas as coisas, foge do excesso.
- Baltasar Gracian
Toda a obra Ética a Nicômaco foi escrita com o foco nessa abordagem. Aqui o valor, o bem, é o centro, o meio, aquilo que está entre os excessos. Essa centro está ilustrado na balança da justiça, que mostra seus braços e pratos simetricamente balanceados e iguais, mostrando que se chegou a uma medida comum, "entre" os opostos de um e de outro. Sobre a flexibilidade do movimento da balança trataremos no próximo item.
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Dinâmica das forças e contraforças.
A questão vista no item anterior é a das posições ocupáveis à priori e estaticamente na dança das forças. A questão atual é a flexibilidade ou solidez que nos leva a manter ou alterar as forças e contraforças. A solidez fala a favor da força como a flexibilidade fala a favor das contraforças.
Quanto pensamos em flexibilidade, a maioria pensa em sua versão "negativa" a que gera fragilidade. Mas há um igual número de situações onde a flexibilidade é positiva e gera antifragilidade - ao flexibilizar-se melhora, e não piora, com o enfrentamento de contraforças - para usar o conceito de Nassim Taleb.
Da mesma forma, a boa solidez, que é a primeira ideia que nos ocorre, é a resiliência que permite às realidades resistirem às contraforças da entropia, mas muito se esquece que há uma infinidade de situações onde a solidez leva à rigidez, a uma resistência inútil, frágil, às contraforças e à mudança no mundo. Essa postura é tola quando nos apequena como humanos, mesmo se for cantada em tom alegre,
Daqui não saio,
daqui ninguém me tira.
Mas há explicação (explicação sim, justificação não) para o medo da mudança, mesmo para quem não está numa boa situação, pois quando não variamos é porque acreditamos que qualquer pequeno desequilíbrio pode dar problemas ou até significar nossa aniquilação,
Vejo um mundo na corda bamba.
Sem equilíbrio, ele cai.
- A Rainha Vermelha.
A imagem de um equilibrista, andando numa corda bamba, a muitos metros do chão, enfrentando as contraforças da corda e as forças do vento, é certamente assustadora e não parece mesmo dar margem à flexibilidade exploradora de todos os movimentos possíveis.
Mas embora existam situações onde essa é mesma a realidade, situações de "vida e de morte" onde a mínima oscilação pode ser fatal, no que pertinho à convivência com pessoas que pensam diferente de nós, a imagem de alguém andando sobre uma gangorra é melhor.
Imagine que você está em pé sobre uma longa gangorra de muitos e muitos metros. Em cada uma de suas pontas há uma fila de pessoas. Cada pessoa que passa põe (ou tira) um peso diferente. E isso ocorre em ambas as pontas praticamente ao mesmo tempo.
E sua função é manter a gangorra equilibrada. Neste exemplo você pode perceber que apenas antes de o exercício começar, quando em tese ainda não foi posto nenhum peso, sua posição de equilíbrio seria simétrica, exatamente no meio da gangorra.
Logo que o jogo começa, as realidades se impõe, e você precisará de constante movimento, às vezes rápido, às vezes devagar, às vezes curto, às vezes longuíssimo, para reconhecer e reinventar o equilíbrio das forças e contraforças.
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Tudo o que você vê existe em um equilíbrio delicado.
- O Rei Leão, o filme
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Dar e tomar a partir de Bert Hellinger
Focando agora nas forças e contraforças nas relações humanas, entre eu e você, vale recorrermos à terceira ordem da constelação familiar, que é o dar e tomar. Aqui aproveitamos muito dessa terceira ordem, mas também fazemos nossa própria leitura dela e sua adaptação ao princípio das forças e contraforças.
Adiante alguns tipos diferentes de situações na vida nas quais podemos adotar uma ou outra postura em relação à dança das forças e como nos comportamos. Os efeitos do nosso comportamento são decisivos para nós, mas apenas possíveis ou prováveis para a pessoa concreta com a qual nos relacionamos.
Situação 1 - Tomar sem que o outro dê, dar sem que o outro receba.
Tomar algo, material (seu celular) ou imaterial (sua atenção, sem que o outro dê, seja por violência (roubo) ou por algum artifício (furto), é evidentemente errado, embora possa ser legal ou ilegal, moral, imoral ou amoral.
Dar sem que o outro receba também é um ato de violência (física ou simbólica), que subverte, tal como a situação anterior, o sentido de dar e tomar. A expressão presente de grego (o cavalo de Tróia dado para a perdição de quem o recebeu) apresenta aquilo que é dado (o que é realmente dado, não só a aparência) e que o outro não queria receber.
Situação 2 - Entregar sem dar, receber sem tomar.
O ato aparente, físico, externo, de dar ou receber, pode não ser acompanhando da intenção sincera, integral e consciente de fazê-lo, caso no qual a pessoa encontra-se dividida e restringe os efeitos do próprio ato praticado.
Situação 3 - Não tomar para não ter que dar, não dar para não ter que receber.
Às vezes atuamos de forma preventiva, evitando tomar (receber de coração aberto) algo ou evitando dar (entregar algo de coração aberto), porque queremos evitar o próximo movimento da dança das forças, quando o outro esperará que daremos (se tomamos) ou que receberemos (se demos) para manter o fluxo de forças da relação em movimento e equilíbrio.
Situação 4 - Entregar muito mais ou muito menos do que recebeu.
Quando fazemos um mal ao outro, claramente maior do que ele havia feito a nós (se é que havia), ou quando fazemos um bem ao outro, muito menor do que recebemos dele, nós nos sentimos e encontramos em dívida com o outro, ligados por uma conexão que adoece a ambos, causa sofrimento e aprisiona.
Quando fazemos um bem ao outro, claramente maior do que ele havia feito a nós, ou quando fazemos um mal ao outro, muito menor do que o mal que recebemos dele, nós nos sentimentos com crédito em relação ao outro, ligados por uma conexão que adoece a ambos, causando sofrimento e aprisionamento.
Situação 5 - Dar ou tomar na mesma medida em que tomou ou deu.
Quando damos a alguém, ou tomamos de alguém, na mesma medida em que havíamos tomado ou dado, isso mantém o equilíbrio, a conta certa, sem créditos ou dívidas a nos conectar, e por isso a relação se encerra, ou pode se encerrar, sem maiores problemas. Dar na medida do que havia recebido liberta o devedor, e tomar na medida do que havia dado, liberta o credor, desfazendo-se o vínculo e reforçando-se a autonomia de cada um.
Situação 6 - Dar um pouco mais ou um pouco menos do que tomou.
Por fim, para equilibrar as forças e contraforças, mas não na medida exata, a ponto de cessar aquela interação, com a "conta zerada", podemos dar um pouco mais - de bem ou de mal - do que tomamos.
Asim, se alguém nos faz um bem, damos de volta um bem maior, mas não excessivo a ponto de "endividar" o outro.
E se alguém nos faz um mal, damos de volta um mal um pouco menor, que quase equilibra a relação, mas não gera em nós uma dívida e não gera na relação um círculo vicioso que se acelera com agressões cada vez maiores.
Assim, caso esse seja o melhor a fazer, conseguimos (praticamente) equilibrar a relação e mantê-la.
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Crédito da imagem: <a href="https://pixabay.com/pt/users/12019-12019/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=95302">David Mark</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=95302">Pixabay</a>
Cada um em sua medida
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Princípio da Autonomia
Referência e Correspondência
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Os princípios são o núcleo da teoria (e da prática também).
Os princípios são o núcleo da teoria da realidade como ela é. Eles são os nossos fundamentos, raízes, cânones, dogmas, regras, máximas, leis.
Mais do que simples aspectos componentes da realidade, eles são as únicas proposições que fazemos aos leitores e estudantes, ou seja, recomendamos o aprendizado, adoção e prática dos fundamentos na vida de cada um.
Com isso, além de reconhecermos que os fundamentos descrevem a realidade como ela é, nós também afirmamos que aprender os fundamentos e incorporá-los como valores pessoais tem o efeito (intrapessoal e interpessoal) de enriquecer a nossa vida, permitindo que pensemos melhor, sintamos melhor e que convivamos melhor com os demais.
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Fontes de influência.
Origem dos fundamentos desta teoria: todas as incontáveis influências e leituras na vida de seu autor, e em especial as Ordens da Constelação Familiar, que são a base - mais ou menos adaptada - de três dos cinco fundamentos.
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Você troca a leitura de centenas de livros por apenas um?
(Ainda sobram milhares. Mas mesmo assim... rs)
Os princípios também trazem um grande ganho de tempo para a vida de seus estudantes. Minha opinião é de que o conhecimento e entronização dos cinco princípios pode ser capaz de economizar na leitura de algumas centenas de livros cuja essência é uma variação ou desdobramento de um dos cinco fundamentos apresentados aqui. Sim, as leituras trazem outras informações relevantes, e conhecer as variações dos princípios é uma forma indireta de alcançá-los, mas desperdiçar um caminho direto à fonte dos conhecimentos fundamentais de nossa vida é perder um tempo precioso que não temos.
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Para que servem?
Os princípios nos ajudam a lidar com viéses típicos que atrapalham a nossa vida, tais como:
- Preferir e confundir as sombras da caverna, a aparência das coisas, o estado atual dos componentes da realidade, com a existência de cada coisa, que não deixa de existir só porque a sua forma mudou,
- Preferir e confundir o ideal da perfeição, que nos promete uma utopia definitiva e completa, em vez de aceitar a variação da vida e a sua natural dinâmica de forças,
- Preferir e confundir as conexões e subordinações que a vida impõe com a autonomia que a vida permite,
- Preferir e confundir a autonomia, relativa, que a vida permite com a ausência de relações que nos conectam entre si e formam um todo maior que nos abrange.
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Os princípios são:
1) Existência,
2) Variação,
3) Pertencimento,
4) Autonomia,
5) Forças e Contraforças
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Princípios
Os princípios da realidade como ela é, da qual a vida em aulas trata, são os princípios basilares, os valores essenciais, as regras superiores, as diretrizes e o "dna"de nossa realidade, do que ela é e do que ela pode ser.
Os princípios são a única proposição que fazemos nesta teoria da realidade como ela é. A proposta que fazemos é que devemos, a cada momento, reconhecer e reinventar:
a) existência das coisas como são em nosso mundo,
b) a variação que faz com que tudo mude o tempo todo no mundo,
c) o pertencimento que faz com que tudo esteja conectado a uma realidade maior,
d) a dinâmica de forças que faz com que as coisas se influenciem umas as outras, que estejam em tensão quando num equilíbrio estável e sempre propensas a um movimento que decorre da interação sobre todas as forças.
e) a autonomia que tem cada ser, cada parte, cada realidade, de ser como é, e de, ainda que minimamente, se justificarem-se a si próprios,
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Os princípios em síntese.
E para apresentarmos os princípios com frases simples que fazem uma síntese parcial do que significam, podemos dizer que:
1) Tudo existe, mesmo que sua aparência mude conforme as circunstâncias, e mesmo que eu não veja tais realidades, que eu não as toque, aceite ou compreenda,
2) Tudo varia, mesmo que conserve-se pelo tempo suficiente para assim ficar gravado em minha memória, fazendo com que aquela representação estática da realidade seja generalizada como uma abstração que está quase sempre desatualizada em relação ao que representa,
3) Tudo está conectado, ainda que mantenha uma autonomia relativa a certos aspectos, autonomia parcial que as partes têm em relação ao todo maior que compõem, e mesmo que nossa ação natural seja a de separar a realidade em partes para que possamos compreende-las e elabora-las abstratamente,
4) Tudo são forças e contraforças, mesmo que num certo momento encontre-se num estado de equilíbrio simétrico e estático, cuja aparente "soma zero" é um circunstancial ajuste de forças que em breve voltarão a se reequilibrar de outra maneira.
5) Tudo vale por si, mesmo que valha também, e em igual importância, dentro das relações que mantém com os demais aspectos da realidade,
'Reconhecer' é competência mais passiva, que poderia também ser descrita como "aceitar as coisas como são". 'Reinventar' é competência mais ativa, que significa criar a realidade a nossa imagem, ou melhor, recria-la na medida da nossa visão e das nossas forças. Ambas perspectivas são necessárias e válidas como habilidades para exercermos os fundamentos em nosso cotidiano.
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Cada princípio em si é o mais importante de todos.
Os princípios são encontrados misturados na realidade, e a sua separação e análise é um ato de abstração. Mesmo assim, cada um deles é, em si, completo e final. Tal como no livro de Howard Marks (The most important thing, com múltiplos capítulos), cada um deles é o princípio mais importante da realidade, e temos portanto cinco princípios que são perfeitos em si mesmos (mesmo que sejam incompletos em relação ao todo maior que é a realidade como ela é).
Essa abordagem, de tratar cada coisa como a mais importante de todas as outras, e tratá-las todas assim, é uma decorrência da aspecto da imanência, de considerar as coisas em si próprias. Consideradas em si próprias cada uma delas é, em si, a mais importante de todas. A outra forma é considerá-las em relação a outras coisas e aspectos. Os aspectos em si e em relação são igualmente relevantes.
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Parafraseando Iain McGilchrist, e aplicando sua fórmula aos princípios:
a) Não existem coisas que existem, mas tão somente Existência, que se manifesta como coisas que existem,
b) Não existem coisas que variam, mas apenas Variação, que se manifesta como coisas que variam,
c) Não existem coisas que pertencem, mas apenas Pertencimento, que se manifesta como coisas que pertencem,
d) Não existem coisas que são autônomas, mas apenas Autonomia, que se manifesta como coisas que são autônomas,
e) Não existem coisas equilibradas e desequilibradas, mas apenas Forças e Contraforças, que se manifestam como coisas em estado equilibrado e desequilibrado.
Enfim, assim como a realidade como ela é é o último estágio das sucessivas e infinitas formações de realidades maiores a partir de realidades menores, os fundamentos são o último estágio das sucessivas e longas formações de aspectos maiores a partir de aspectos menores. Assim, os princípios se manifestam nos demais elementos da realidade, mas estes não os contém.
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Cada princípio tem graus que podem ser considerados partes integrantes dele.
Embora a síntese dos princípios possa os fazer parecer óbvios e simples, nada mais enganoso que isso. Em cada um deles cabe um mundo de possibilidades, por vezes incoerentes, por vezes incompletas. Assim pode ajudar no aprofundamento imaginá-los numa escala crescente-decrescente de componentes análogos que expressam algumas de suas facetas, ou seja, como graus daquele fundamento:
1) A existência varia sua estabilidade e perenidade em aspectos como a) o estado atual, b) os estados possíveis, e c) a própria realidade,
2) A variação varia o grau da mudança realizada partindo da a) incerteza, passando pela b) alteração e pela c) transformação, até chegar à d) criação,
3) O pertencimento começa com uma simples a) convergência ou b) contato, para depois criar c) conexões que estabelecem d) relações que formam um grande emaranhado que interliga todas as partes ao todo, e os todos menores aos todos maiores, formando ao final o e) pertencimento,
4) A autonomia que mal se mostra quando algo é a) indistinto, mas já está minimamente revelada em algo que é b) subordinado, antes mesmo de ser c) livre e mesmo que nunca venha a ser d) soberano.
5) As forças e contraforças oscilam, constante ou inconstantemente, do caótico ao ordenado, sendo que nas forças temos tanto o a) caos e seu processo de b) entropia quanto a c) sintropia e seu resultado de d) equilíbrio.


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