Nesta página vamos cuidar dos pares de opostos complementares.
-----------------------------------------------------
Alguns aspectos se apresentam em
opostos complementares.
"O universo manifestado é dual."
- Lucia Helena Galvão
---------------------------------------------------------------
Aqui vamos introduzir os opostos complementares da teoria. Eles são, como diz o nome, diferentes formas de se conceber e entender a realidade. Eles se apresentam em aspectos complementares que são trabalhados conjuntamente para auxiliar na compreensão e reinvenção da realidade.
Os opostos complementares da vida em aula são tópicos de compreensão da realidade e se dividem em:
- Isso ou Aquilo,
- Isso e Aquilo, que inclui os Espectros,
- Isso por Aquilo
- Absoluto e relativo,
- Inclusão e exclusão,
- Tangível e intangível,
- Partes e todo.
Isso ou Aquilo
Para conviver com as contradições da vida, que alternativas de comportamento eu tenho?
A questão que enfrentaremos aqui é: quais são as alternativas que temos para enfrentar s contradições da vida?
Como as diferentes posições, visões e perspectivas sobre o mundo podem conviver? Quais as maneiras de abordar essas diferenças que estão a nossa disposição?
Na essência temos as seguintes alternativas de comportamento:
Agir como se estivesse sozinho no mundo (somu);
b) quando a alternativa de agir como se as outras opiniões não existissem falhar, adotar uma postura tudo ou nada aceitando apenas isso ou aquilo (isoa);
c) aceitar a coexistência das diferenças, que isso e aquilo (isea) existem simultaneamente e com igual valor e procurar uma forma de convivência e ponderação entre ambas; e
-----------------------------------------------------------------
Tem gente que trata suas posições como canta o samba: "...daqui não saio, daqui ninguém me tira...".
Quando conheço apenas minha posição e nenhuma outra. Quando apenas o que eu desejo tem valor. Quanto não levo as outras opiniões a sério. Quando não tenho dúvida sobre o que é a verdade, a realidade, o correto e o justo, estou agindo como se estivesse sozinho no mundo, e daí decorre o nome da nossa resposta primária às contradições da vida, que é nem mesmo tomar conhecimento delas.
A atitude de estar sozinho no mundo é a postura primária das contradições da realidade. Quando duas pessoas com esse comportamento se encontram há surpresa e espanto que a outra pessoa não reconheça nossa a verdade evidente e inquestionável da nossa visão de mundo.
-----------------------------------------------------------------
Quando dois "senhores da verdade" se encontram, o que acontece?
Quando as duas pessoas pensam da mesma forma, como se estivessem sozinhas no mundo e, indignadas com o não reconhecimento da superioridade absoluta de sua posição, passam a negar a negar a existência, validade, correção, verdade, utilidade etc., uma da outra, entramos no segundo oposto, denominado isso ou aquilo.
Neste, toda a energia dos defensores das posições polarizadas é utilizada para a afirmação máxima de si e destruição ou invalidação do opositor.
O resultado desse esforço é que, pelo menos temporariamente, sobra apenas uma posição vencedora, enquanto a outra é ignorada, como se não existisse. A vitória de uma dessas posições é, todavia, instável. E em outro momento essa posição vencedora pode ser superada e negada pela outra.
Assim, alternadamente, as duas podem perder. Como numa democracia, com movimentos de direita e esquerda polarizados, os quais a cada eleição, ora ganha um, ora ganha o outro, e cada movimento que ganha desfaz todas as construções do rival e reconstrói todas as suas, fazendo com que se desperdicem inutilmente todos os valiosos recursos de uma sociedade.
Ou como numa disputa entre dois pistoleiros, na qual os dois atingem, são atingidos, e morrem. De um jeito ou de outro, essa estreita, rígida e destrutiva disputa entre isso e aquilo leva todos ao pior desfecho possível, onde todos perdem.
-----------------------------------------------------------------
E quando passamos a respeitar a visão do outro, e vice-versa, o que acontece?
O maior ganho de qualidade na forma como disputamos com os outros sobre a verdade do mundo ocorre quando passamos do oposto do isso ou aquilo para o oposto do isso e aquilo.
A diferença essencial entre os opostos complementares é que no primeira (1) buscamos eliminar a existência do outro do mundo, embora isso não seja possível, ou invalidar, enfraquecer, desmerecer a posição do rival, enquanto no segundo (2) aceitamos que ambas posições são igualmente existentes e válidas por si, ainda que tenhamos nossas preferências e que, em cada contexto, uma ou outra seja melhor, a depender do resultado que se deseja.
No isso e aquilo as pessoas param de gastar sua energia para tentar convencer o outro de que ele está errado e de que você está certo, e reconhecem um a existência do outro. A partir daqui poupa-se energia e emprega-se a inteligência para se encontrar alguma forma de coexistência nas diferenças. Aqui aceita-se que isso e aquilo existem, ambos, igualmente, e é preciso acomodar essas contradições de alguma forma.
Quando aceitamos essas realidade, de que as coisas podem coexistir, podemos ordená-las lado a lado, organizando-os conforme algum critério, com o que formamos uma escala, que é um aspecto quantitativo de transição de menos um elemento para mais de outro, o que é muito útil para entender a realidade e resolver conflitos em geral.
-----------------------------------------------------------------
Qual alternativa adotar? A preferência é pelas mais refinadas, mas há considerações a fazer.
Em primeiro lugar, existem circunstâncias, não necessariamente excepcionais, nas quais cada um desses opostos complementares é mais cabível do que os outros. Assim, existem situações, onde é preciso mesmo firmar nossa posição contra o mundo, outras onde é preciso mesmo escolher entre uma alternativa ou outra, e outras ainda onde uma regra fixa de ganho-perda é o melhor para se lidar com a escassez de alternativas.
Em segundo lugar, a cada nível que subimos no refinamento das opostos complementares adotadas, o custo é maior, seja de tempo ou custo cognitivo para desenhar as soluções. Assim, pelo menos em termos de eficiência (existem outros critérios que também são pertinentes), não há necessidade de subir o nível de atuação, se a mais básica é suficiente para se alcançar um bom e sustentável resultado com o qual todos os atingidos estão satisfeitos.
Mas quando enfrentamos desafios, quando entramos em conflito, quando falhamos nos nossos objetivos ou prejudicamos os outros, a vida está nos pedindo para subir o nível da resposta, e para isso temos que nos preparar para sermos capazes de usar todos os opostos complementares; lembrando que, quais mais baixo o nível da ação ou compreensão (todo mundo é capaz de se comportar como se tivesse sozinho no mundo) mais intuitiva e natural ela é, e quanto mais alto é o seu nível, mais a formação e treinamento deliberados das nossas habilidades são necessários.
----------------------------------------------------------------
Os opostos complementares em jogo.
Agir como se estivesse sozinho no mundo equivale a jogar um jogo sozinho, sinuca (batendo em qualquer bola da mesa), futebol (chutando num gol sem goleiro), tênis (batendo a bola no paredão), ou, na melhor das hipóteses, jogar golfe sozinho (o que de fato é possível).
O oposto do isso ou aquilo equivale a maioria dos jogos que conhecemos. Em sua versão mais visceral equivale ao jogo de "queimada" onde literalmente jogamos a bola contra o adversário (como num argumento "ad hominem"), e se o acertamos, o eliminamos do jogo. Ou as artes marciais onde o objetivo de um é vencer, derrotar ou subjugar o outro. E também o jogo de tênis, onde a soma dos meus acertos, menos a soma dos meus erros, vence ou perder para o outro.
Em questões de polarização coletiva sobre um tema é interessante pensar num jogo de vôlei onde os jogadores do fundo fiquem apenas dando cortadas no time adversário, e as posições intermediárias, ponderadas, os jogadores na rede, de ambos os times, não participam do jogo, porque as pessoas de um extremo gostam é de interagir/submeter a do outro extremo, e a ponderação não recebe atenção.
E pensando no oposto do isso e aquilo, a partir do que nos ensinou Rubem Alves, ao contrário do jogo de tênis, onde a derrota do meu adversário é a minha vitória, e vice-versa, no jogo de frescobol nós dois ganhamos juntos, enquanto a bola está em jogo, e nós dois perdemos juntos, se ela se perde. E eu equilibro minha jogada mais forçada com o desejo de que o companheiro de jogo a consiga rebater, e vice-versa, compatibilizando o desejo pessoal com a capacidade do outro de responder a ele.
-------------------------------------------------------------
crédito da imagem: <a href="https://pixabay.com/pt/users/peggy_marco-1553824/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1020057">Peggy und Marco Lachmann-Anke</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1020057">Pixabay</a>
-----------------------------------------------------------
Apenas Isso
Tem aquela que até vê o mundo lá fora, mas o
negócio dela é com ela mesmo, e pronto.
-------------------------------------------------------------
"Daqui não saio, daqui ninguém me tira..."
(marchinha de carnaval)
Algumas pessoas (só algumas?), dizem, são mais teimosas que uma mula. Eu particularmente acho que somos todos muito teimosos e arraigados. Principalmente se o assunto é importante para nós. Costumamos defender nossas crenças com "unhas e dentes".
Essa abordagem de acreditar e agir como se apenas eu estivesse certo, cheio da razão, dono da verdade, é uma atitude natural, agradável (inicialmente, até encontrar outro que tenha o mesmo comportamento) e simples. Agimos "como se" estivéssemos sozinhos no mundo e tomamos a nossa perspectiva das coisas como a visão correta, completa, irretocável da realidade das coisas.
O prego pregado, fixo e dificilmente realocável é uma bela metáfora para esse comportamento, essa abordagem das situações da vida, que denominamos de "sozinho no mundo", ou, mais tecnicamente, "apenas isso".
Quem age como se "apenas isso" que acredita existisse, nega o fundamento da existência, porque todas as coisas que não gostamos existem. Se me aprisiono a apenas uma verdade, e nego verdade, validade, honestidade, utilidade etc. à opinião, valores, intenção dos outros; e se os outros fazem o mesmo, vivemos como se estivéssemos numa batalha do bem contra o mal, do tudo ou nada, ou seja, somos levados para a 2a abordagem dos conflitos, denominada "isso ou aquilo".
-----------------------------------------------------------------
Apenas Isso (APIS)
-----------------------------------------------------------------
Tem 100% de certeza absoluta? Cuidado, menos que isso e você corre o risco de se tornar razoável.
A abordagem do sozinho no mundo é uma atitude de tudo ou nada, 8 ou 80. Assim, acredito que o que penso é 100% verdade e nada do que os outros pensam diferente é uma verdade relevante também. Se eu só foco a minha posição, mas dou a ela um percentual/probabilidade de verdade e aceito que ela pode ser mais ou menos válida, aplicável num contexto sim e em outro não, já estou relativizando minha crença, o que dá espaço natural para aceitar a existência e validade de outras visões de mundo diferentes da minha. Nesse caso, mesmo sem o acréscimo de outras informações, já dá para saber que eu estou usando a terceira, "isso e aquilo", ou quarta abordagem, "cada um em sua medida".
----------------------------------------------------------------
Termos semelhantes: "sozinho no mundo", “fanático de si mesmo”, dogmático,
Explicação do que não é:
Essa abordagem não é aquela pessoa que, mesmo afirmando sua posição com convicção, pondera os argumentos contrários e os considera, testando a própria crença como uma hipótese que merece ser sempre verificada.
Explicação do que é:
Agir como se estivesse sozinho no mundo é agir como se fosse o dono da verdade e se tivesse uma visão perfeita e sem distorções sobre o que é a realidade, é arrogar-se que vê o mundo pelo "olho de Deus", irretocavelmente, infalivelmente, irrestritamente, e inapelavelmente.
Métodos análogos:
Todos os métodos que buscam uma única verdade final, mesmo que de forma adequada, correm o risco de terem tomadas de si apenas a conclusão absoluta irreversível, e descartado o método científico, reflexivo, cuidadoso pelo qual se buscou chegar à conclusão inabalável.
Aspectos relacionados: "apenas isso" é uma das quatro posturas da realidade, junto com "isso ou aquilo", "isso e aquilo" e "um por todos, todos por um e cada um em sua medida".
-------------------------------------------------------------
"I will die in this hill."
A imagem acima é uma cena da batalha dos bastardos, na série Game of Thrones, onde John Snow, num momento em que é arrebatado pela fúria, joga-se contra todo o exército inimigo, sem o menor pudor de que irá morrer, porque neste momento está "pouco se fudendo" para isso.
A frase abaixo é uma expressão da língua inglesa usada por alguém que adotou uma ideia que sabe ser questionada e que diz que irá mantê-la até o fim, custe o que custar.
Tanto a imagem acima (que virou meme), quanto a expressão idiomática, traduzem o núcleo da abordagem "sozinho no mundo", que não é apenas a convicção, não revisável, de uma certeza absoluta, mas também a disposição pessoal de sacrificar valores fundamentais, próprios e alheios, para preservar a opinião própria acima de tudo, custe o que custar.
-----------------------------------------------------------
Como diz o ditado, que bom seria se usássemos tanta energia para selecionar nossas crenças quanto usamos para defendê-las.
-----------------------------------------------------------
A realidade como ela é, em toda a sua complexidade, inclui bilhões de pessoas agindo, cada uma delas, eventualmente, como se estivesse sozinha no mundo e fosse dona de toda a verdade que existe.
-----------------------------------------------------------
Quando pensamos nas convicções absolutas e não revisáveis que muitos demonstram, podemos conceber o jogo da realidade como uma corrida de obstáculos, onde cada dogma inquestionável - dos outros, mas principalmente os seus próprios - é como uma barreira ou armadilha onde você pode ficar preso ou cair se não souber ultrapassá-la.
-----------------------------------------------------------
"Política e religião não se discutem", ou, quanto menos eu conheço, mais convicção eu demonstro.
De uma perspectiva mais cínica, ainda, quanto menos temos certeza direta de algo, quanto mais aquela crença é distante da realidade da minha experiência, maior costuma ser a convicção com a qual a defendo.
Dois exemplos de temáticas que estão longe da experiência real imediata, mas, de regra, são objeto de demonstração de muita convicção pelas pessoas:
a) a religiosa, um Deus onipresente, que ocupa todo o universo conhecido e desconhecido (que sei eu do universo? se não sei nem quem mora na casa na esquina da minha rua!), e
b) a política, que fala de toda a cidade onde vivo, de todo o estado/província, de todo o país, sendo que não sei nem o que se passa neste momento do outro lado da quadra onde moro.
Esses são temas cuja abrangência é enorme, eu sei quase nada sobre a origem e funcionamento do universo ou mesmo do país, e normalmente são nesses que eu faço as afirmações mais cheias de certeza.
-----------------------------------------------------------
Sozinho no mundo sempre é sobre mim e sobre a realidade pessoal.
Como se diz, o ser humano é dotado da capacidade de raciocinar, de usar a razão para formular hipóteses, submetê-las a testes de falseabilidade (Karl Popper), atribuir graus de probabilidade de maior ou menor certeza a cada enunciado, descartar hipóteses rejeitadas, criar novas, e fazer isso na interação com os pares, utilizando-se da inteligência coletiva para fazer avançar o conhecimento.
Se essa capacidade existe, então por que tantas vezes ela não é usada e nós gastamos tanta energia discutindo com os outros, brigamos, desrespeitamos o que os outros sentem e acreditam, tudo para defender uma visão da realidade que é apenas uma versão, temporária, circunstancial e limitada?
A resposta curta aponta para conteúdos pessoais nossos, insegurança, medo, desejos, inveja, etc. enfim, variados aspectos de nossa realidade pessoal, que se não os conhecermos e amadurece-los, estaremos sempre à mercê dessa sombra junguiano que sabota nossas capacidades e nos faz agir como se fôssemos muito mais estúpidos do que somos.
-----------------------------------------------------------
A abordagem do 'apenas isso' e o princípio da existência.
Uma das formas mais simples de se evitar a armadilha de agir como se estivesse sozinho no mundo é lembrar e aplicar o fundamento da existência, que afirma que "tudo existe" e "não há o que não haja". Assim, em vez de presumir que nossa compreensão possa ser a única verdadeiramente existente, assumimos que existem toda a sorte de opiniões, crenças, visões, interpretação, experiências etc. e que reconhecer a existência delas, como elas são, sem distorce-las (straw man) e sem julgar qual é a certa e qual é a errada, é o primeiro passo para uma boa compreensão do mundo.
-----------------------------------------------------------
A abordagem do 'apenas isso' e o princípio da variação.
Se entendemos que todo no mundo, com o tempo, e conforme as circunstâncias, muda. E se entendemos que a variedade - de crenças, ideias, valores, objetivos etc. - é decorrência dessa variação do mundo, aceitamos como mais naturais as diferenças entre nós e os outros e não gastamos energia agido como se estivéssemos sozinhos no mundo, e vamos direto para a abordagem do 'isso e aquilo', na qual partimos do pressuposto de que as pessoas são diferentes e que essa diferença precisa ser acomodada e sua relação desenvolvida, de alguma forma que não seja a de tentar ser o dono da verdade e desacreditar os que não concordam conosco.
-----------------------------------------------------------
A abordagem do 'apenas isso' e o princípio do pertencimento.
O pertencimento afirma que tudo está conectado em nossa realidade. Assim, a tentativa de eliminar de forma inconsequente a validade de quem pensa diferente de nós é violadora do pertencimento e, portanto, errada. E, se as coisas são, também, umas em relação às outras, não faz sentido querer excluir ou desconsiderar esse "outro" em relação ao qual minha opinião diversa existe.
-----------------------------------------------------------
A abordagem do 'apenas isso' e o princípio das forças e contraforças.
Se aceitamos que a vida é um eterno jogo de forças e contraforças, de teses e antíteses, de conjecturas e refutações, aceitamos que nossas crenças, verdades, percepções são parte dessas forças e contraforças, e entram no jogo com as demais, sem a pretensão de destruí-las e apagá-las do mapa, mas com a confiança sólida e madura de que essas diferenças ora tensionam, ora apaziguam, ora divergem, ora convergem, em maior ou menor medida, buscando um ajuste, ponderação e talvez até equilíbrio, que, mesmo temporário, nos permite uma vida melhor e mais harmônica.
-----------------------------------------------------------
A abordagem do 'apenas isso' e o princípio da autonomia.
A habilidade de reconhecer a autonomia de cada visão de mundo, e que elas podem ser diferentes e, cada uma em si ter o seu valor, por si, é a aplicação do fundamento da autonomia. Assim, eu penso de um jeito e você pensa de outro, e tá tudo bem. A autonomia aceita com naturalidade a multiplicidade de explicações e comportamento sobre o mesmo tema, afinal, cada qual com a sua interpretação, com as suas prioridades, com a sua história, com os seus sentimentos, e assim por diante.
-----------------------------------------------------------
De vez em quando, agir como se estivesse "sozinho no mundo" é o mais nobre a fazer.
Embora o erro mais comum das abordagens seja essa visão exclusivista, autocentrada e engessada que se corporifica em agir como se estivesse "sozinho no mundo", às vezes esse é o certo a fazer.
Acontece que quem já faz isso sempre vai ser o primeiro a querer usar essa regra excepcional para justificar o seu comportamento habitual. Mesmo assim é importante ressaltarmos que às vezes temos mesmo convicções, valores, perspectivas, que são minoria e que, por isso, parecem radicais. Giordano Bruno, Galileu Galilei e Copérnico já foram essas pessoas em nossa história, por exemplo.
Então quais os elementos que podem nos ajudar a aplicar essa exceção corretamente?
Para isso vale lembrar aspectos como: a) se você está propondo algo novo, e não defendendo algo tradicional, há mais chance que sua divergência se justifique, b) se você ouve, pondera e desenvolve os argumentos contrários a sua tese (steel man), c) se você faz pequenos ajustes explicativos que sejam em sua tese original, a partir das refutações qualificadas que recebe.
-------------------------------------------------------------
Crédito das imagens:
1. Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/lrasonja-18839267/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=5850628">Lucija Rasonja</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=5850628">Pixabay</a>
2. Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/geralt-9301/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=6402051">Gerd Altmann</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=6402051">Pixabay</a>
3. imagem prego e martelo: Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/carvit56-9226797/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=7333333">Bill Shortridge</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=7333333">Pixabay</a>
4. John Snow na batalha dos bastardos, retirado de https://ocapacitor.com/game-of-thrones-showrunners-comentam-battle-of-the-bastards/
--------------------------------------------------------------
Ordem e desordem
-------------------------------------------------------------
"Nas profundezas do inconsciente humano há uma necessidade
generalizada de um universo lógico que faça sentido."
- “The Sayings of Muad’Dib” by the Princess Irulan
---------------------------------------------------------------
Ordem é a nossa. Desordem é a do outro.
A ordem é uma relação compreensível que organiza vários elementos e forma uma certa estrutura.
A desordem, ou caos, é a organização de elementos e estrutura que não compreendemos, não integramos com a nossa realidade e contexto, ou simplesmente não queremos e não aceitamos.
Podemos dizer que a ordem está na relação de elementos que desejamos, seja a ideal, seja, normalmente a nossa. Já a desordem é a ordem do outro, não a nossa, para a qual temos normalmente explicações (ainda que ruins).
---------------------------------------------------------------
A ordem das partes. A ordem do todo.
A ordem não recai apenas sobre as partes em si, mas também sobre o todo ordenado que elas formam.
Essas duas opções parecem corresponder, nos quebra-cabeças, a dois tipos diferentes de relações simultâneas:
1) O encaixe das partes com as partes - os recortes em cada peça do puzzle que só se encaixam com certos recortes de outras peças,
2) O encaixe das partes com o todo, a imagem geral formada, que depende de cada peça ocupar o lugar adequado dentro da imagem inteira que é dada pelo todo ordenado. Esse todo pode ser um espaço concreto, subjetivo ou abstrato, e não não precisa ser apenas concreto.
---------------------------------------------------------------
Para ver mais sobre essa dualidade de aspectos, vá para a página dele diretamente.
-------------------------------------------------------------
Certo e errado: É certo falar a verdade? Sim. E quando você coloca injustamente a vida de outro em risco? Sim. E quando você faz isso para salvar a vida de alguém que depende de você? Talvez, mas é comum que se faça. É certo punir alguém que cometeu um crime? Sim. E se esse alguém foi obrigado fisicamente a fazê-lo? Não. E se ele foi obrigado, mas colocou-se, antes, nesta situação? Sim. E se a punição for em excesso? Não.
Ordem e Desordem
“Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.”
- Marques de Maricá
-------------------------------------------------------------
Meus ideias e a desordem do mundo que não os segue.
Alguns vêm desordem em tudo. Tudo o que no mundo não está de acordo com sua referência de ordem, o que é a imensa maioria das coisas, está em desordem. Outros vêm ordem em tudo (veja no item 'A existência é perfeita em si ...' nesta página).
Se a referência adotada é um certo molde ideal de como as coisas deveriam ser, veremos desordem em tudo, pois nossos modelos não dão conta da realidade como ela é.
Mas se a referência é as coisas como são - o que inclui as coisas como foram e como podem ser - tudo fica mais simples e explicado (o que não quer dizer que não possamos querer reinventar essa realidade reconhecida).
-------------------------------------------------------------
Explicação do que não é:
Ordem e desordem não são aspectos objetivos, absolutos, embora a familiaridade que temos com algumas realidades nos faça pensar que certa ordem é óbvia e inquestionável.
Termos semelhantes: correto/incorreto, organizado/desorganizado, justo/injusto,
Explicação do que é:
A ordem e a desordem formam um par de aspectos que estabelece ordens das mais variadas que organizam as relações entre as realidades, e entre os aspectos, dando corpo e estrutura ao pertencimento que se manifesta por meio dessas diferentes formas e organizações.
Aspectos relacionados: partes e todo, absoluto e relativo, abordagens, caminho, estados, etc.
-------------------------------------------------------------
Ordem, desordem e a invenção da realidade.
A invenção da realidade alterna, intercala e combina ordem e desordem. A invenção é o espontâneo, natural, inusitado, imprevisto, incontrolável, variado, disputado, combinado etc. e cada um desses arranjos implica numa certa ordem, múltiplas ordens portanto, e muito desordens também.
-------------------------------------------------------------
As ordens (ordem e desordem) e a inclusão e exclusão.
Cada inclusão e cada exclusão, e suas variações, que ocorrem na realidade, e elas ocorrem a todo o momento, altera a ordem das coisas, e a reconfigura, atualizando a ordem do todo com a simples entrada, ou saída de uma nova/velha parte.
-------------------------------------------------------------
As ordens, o absoluto e o relativo.
Toda organização e estrutura de elementos é, em si, uma ordem. Mas, ao mesmo tempo, relativamente a outras referências ou outras ordens, pode ser considerada uma desordem.
-------------------------------------------------------------
As ordens, o tangível e o intangível.
As ordens que vemos e acessamos, as ordens tangíveis, explícitas, não são as mesmas das ordens intangíveis.
Ou talvez as ordens tangíveis sejam parte das ordens intangíveis e essas se combinem e relacionem de formas não facilmente percebíveis ou compreensíveis por nós.
-------------------------------------------------------------
As ordens, as partes e o todo.
Cada aspecto da realidade, tem certa ordem que estabelece na sua condição de parte dos 'todos' aos quais integra. E outra(s) ordem(ns) que estabelece como um 'todo' em relação com as partes das quais se constitui.
Cada aspecto tem uma faceta de parte (daquilo que integra) e uma faceta de todo (daquilo que é integrado). A parte tem uma determinada inserção na ordem entre as demais partes, e outra inserção na ordem do todo maior que integra.
Enfim, ordens das partes, ordens dos todos.
-------------------------------------------------------------
Cada coisa está numa certa ordem, mas depois já não estará mais.
As ordens e os estados são intimamente relacionados. O que chamamos de estado de alguma coisa é, enfim, sua ordem, sua estrutura, sua forma.
Contudo, quando tratamos dos estados contudo enfatizamos seu caráter transitório - os estados variam - e suas espécies em relação à certeza de sua manifestação - estados possíveis, estados prováveis, e estado atual.
Os estados da realidade e de seus aspectos estão fundamentalmente em mudança, e nessa transformação é normal que o estado anterior seja visto como desordem pelo estado posterior (e vice-versa), ou seja, para que haja evolução, é necessário que a ordem anterior seja considerada desordem e se busque uma nova ordem, e é natural que a ordem anterior veja a nova ordem, que lhe relativiza ou ameaça, como uma desordem, uma ordem não desejada.
-------------------------------------------------------------
O meu caminho é feito pela ordem sequencial das situações que vivo ao longo do tempo.
O caminho é o aspecto da realidade - concreta, pessoal, abstrata - que relaciona, numa certa ordem, em qual situação estávamos no passado, o princípio (de onde eu parti), em qual situação me encontro agora (minha posição atual), para qual direção estou indo (meu objetivo), qual o percurso ideal que pretendo seguir, qual o percurso real que estou seguindo, quais os meios de que disponho para a caminhada, e qual o mapa que tenho que representa as posições relativas de todos esses aspectos.
O caminho assim é uma ordenação dos aspectos no espaço - concreto, subjetivo ou simbólico/abstrato. E cada um, em cada circunstância, faz uma ordenação desses aspectos em diferentes etapas, até porque o normal é que as pessoas saiam de pontos de partida diferentes uns dos outros, e tenham forças e fraquezas diferentes que vão as fazer preferir um ou outro tipo de terreno para atravessar.
-------------------------------------------------------------
Ordens, desordens e a realidade que é sobre mim.
A realidade como ela é é a soma de todas as ordens existentes, inclusive a ordem de cada pessoa e suas subjetividades. Na perspectiva de mundo de cada um de nós, portanto, o que não pode faltar, ou deixar de receber a importância necessária, é a ordem subjetiva de cada um, quem somos nós, pois é sobre essa ordem que cada um de nós assenta sua visão sobre o mundo que o cerca.
Embora seja acalentadora a ideia de que exista um ser supremo que ordena todo o universo e reserva nele um espaço privilegiado para cada um de nós, tratam-se de bilhões e bilhões de realidades diferentes, superpostas, conflitantes.
Assim, o arranjo da minha realidade no meio das demais não prescinde da minha ação e intenção, aliás, necessita do meu protagonismo para - nesta perspectiva singular que é a realidade como ela é vista e vivida por mim - reconhecer o mundo e reinventá-lo a partir desse epicentro único, irrepetível e insubstituível, pois nunca houve ou haverá outra pessoa igual a mim ou a você.
-------------------------------------------------------------
Ordem, desordem e o princípio da existência.
Não importa o quão errado, falso, injustificável, incoerente, inviável, inválido, distorcido, enviesado, ou desordenado algo pareça para nós, tudo isso é absolutamente irrelevante para o fato de que, apesar de tudo, todas essas coisas existem e são, para a existência, exatamente iguais.
Sim, podemos fazer um milhão de julgamentos, adequados até, a partir de cada um daqueles critérios de reprovação, mas eles dizem respeito às formas, manifestações da realidade e não a ela em si, que simplesmente existe. Assim, é irrelevante para a validade da existência de algo o fato disso estar ou não conforme o nosso modelo ideal de ordem, justiça, validade, verdade, beleza, coerência.
-------------------------------------------------------------
Ordem, desordem, pertencimento e forças e contraforças.
Quando as relações se estabelecem na ordem e na medida adequada, para as realidades e pessoas envolvidas, temos o pertencimento e a atuação equilibrada das forças e contraforças. Assim, não são quaisquer tipos de relação que estabelecem o pertencimento saudável e quaisquer tipos de forças e contraforças que estabelecem o equilíbrio.
Assim, mesmo que fosse por exceção (o que não é o caso), também existe o pertencimento que aprisiona (o emaranhado na linguagem da constelação familiar) e o pertencimento que liberta, o equilíbrio que aprisiona, e o equilíbrio que liberta, a ordem que aprisiona e a desordem que liberta.
-------------------------------------------------------------
Ordem, desordem e o princípio da autonomia.
Porque as ordens têm autonomia, e portanto não seguem a heteronomia de um único e coerente modelo ideal de organização das realidades, cada uma delas tem sua própria estrutura e são todas, ordens em si, e desordens uma em relação a outra (na perspectiva que é mais comum, do isso ou aquilo).
Assim, além do reconhecimento da existência de todas as ordens e desordens, temos também a autonomia (que é sempre relativa a certos aspectos) de cada uma delas afirmando-as como elas são e nos colocando o desafio de aceita-las no mundo apesar de muitas vezes elas negarem e se oporem (pelo menos num primeiro momento) a nossa própria visão e forma de viver no mundo.
-------------------------------------------------------------
Imagem de Brett Jordan: https://www.pexels.com/pt-br/foto/caos-anarquia-bagunca-confusao-5721050/
crédito da imagem de : Kristina Paukshtite: https://www.pexels.com/pt-br/foto/duas-pessoas-segurando-sorvetes-1280380/
crédito da imagem fases da lua: Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/biancavandijk-9606149/?utm_source=
link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=
image&utm_content=6951739">Bianca Van Dijk</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=
link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=6951739">Pixabay</a>
Isso e Aquilo
-----------------------------------------------------------------
Espectros
Espectro, ou escala
-----------------------------------------------------------
Nenhum cozinheiro que se preze usa o forno "quente" (ao contrário de frio), mas usa numa temperatura adequada, e por um tempo adequado, à receita que vai preparar.
Mas nas questões em que não somos técnicos, como a política por exemplo, nossas emoções são extremas, e tratamos algumas situações e pessoas como divinas e outras como demoníacas.
Nessas situações esquecemos que os aspectos humanos são mais facilmente abordados quando estão ordenados numa escala, que nos permite transitar progressivamente entre diferentes aspectos e graus de aspectos.
-------------------------------------------------------------
O que o primeiro princípio da vida em aulas afirma é que tudo existe! Se tudo existe, então coexistem no mundo as maiores diferenças; e as menores também. E se colocamos alguns desses elementos numa certa ordem "do menor ao maior", criamos um espectro, uma escala.
A escala cria uma diferenciação progressiva e ajustável entre os diferentes (o crepúsculo entre o dia e a noite, p ex), em vez de uma polarização que não aceita meios termos.
Se percebemos a realidade separando-a em somente duas partes - o bom e o mau, o quente e o frio, o eficaz e o ineficaz etc. - essa polarização faz com que a oscilação entre os pólos opostos e distantes seja tensa e abrupta. Nesse caso é natural que a defesa de uma das categorias seja intransigente e agressiva a outra que ameaça seus domínios e sua identidade.
Se contudo, eu separo a realidade em vários aspectos e os ordeno em graus diferentes mas conforme uma mesma referência, os aspectos intermediários que agora existem entre os extremos, exercem um amortecimento na tensão entre os pólos opostos. No espectro, contínua, é mais fácil transitar e balancear os diversos aspectos em jogo, alcançando uma visão mais equilibrada e uma ação mais precisa.
Ninguém gosta de música num aparelho cujo volume de som tem apenas duas opções - alto ou baixo - todo mundo prefere uma escala que vai do mínimo ao máximo volume. Mas nas questões pessoais e morais ainda há pouco amadurecimento, e as discussões são normalmente feita entre extremos.
-------------------------------------------------------------
Isso, Aquilo, Outro
Isso por Aquilo
Tangível e Intangível
Muitas coisas existem no mundo, independentemente de serem ou não tangíveis para nós.
A Lua é um exemplo. Nós não só não conseguimos vê-la inteira, mas apenas a face dela voltada para nós, como também, mesmo desta face algumas partes ora são visíveis ora não. A esses estados de visibilidade da Lua para nós damos o nome de lua cheia, lua crescente etc. Essa é um bom exemplo de que a realidade percebida por nós é parcial, vê apenas parte, da realidade maior existente.
---------------------------------------------------------------
Tangível é aquilo que é explícito e que podemos ver, tocar, sentir e perceber diretamente de alguma forma. Intangível é aquilo que está implícito e que está escondido, invisível, inacessível, ou até mesmo se mostra indistinto do restante da realidade.
O que é intangível existe tanto quanto o que é tangível, mas isso não é o que nos parece, já que vemos o que está explícito e o que está explícito demanda que acreditemos para além de nossos sentidos.
Aliás, em boa parte são os nossos sentidos que criam essa divisão entre o percebido e o não percebido, já que nossa capacidade de perceber, compreender e memorizar a realidade como ela é se mostra infinitamente menor do que a realidade que queremos entender.
---------------------------------------------------------------
“A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos.”
- Platão
---------------------------------------------------------------
Nossos sentidos - visão, audição, olfato, paladar, tato - nossos pensamentos, e nossos sentimentos são como janelas que nos permitem olhar para a realidade, tanto a externa quanto a interna, e percebe-la e a partir daí compreende-la.
Essas janelas podem ser maiores ou menores, e nós podemos decidimos sobre as nossas janelas, se as deixaremos mais. abertas ou mais fechadas. Com as janelas abertas vemos um pouco mais do mundo, tornando tangível o que antes era intangível.
Os ganhos são relativos, podemos ver mais ou menos da realidade tangível, e não absolutos - não há quem saiba nada como não há quem saiba tudo, embora seja mais confortante e, nas circunstâncias certas, mais empoderante, acreditar que existe um ser que é puro conhecimento e poder, que ele é bom, e que ele se importa conosco em especial.
---------------------------------------------------------------
"O essencial é invisível aos olhos."
- Saint Exuperi
---------------------------------------------------------------
A realidade que melhor representa o par do tangível-intangível é o iceberg.
A metáfora do iceberg, que tem várias versões (como essa aqui) é rica porque a) uma parte está visível e a outra invisível, b) as duas partes têm relação, c) a parte intangível é bem maior que a parte tangível.
---------------------------------------------------------------
Explicação do que não é: A tangibilidade/intangibilidade não é apenas a visibilidade (uso da visão) ou de outro atributo da realidade concreta (poder tocar), mas também o acesso, por qualquer meio - crença, imaginação, uso de instrumentos científicos etc - à realidade examinada; e, em grau mais avançado, a compreensão do que se acessa, e não apenas a sua percepção.
Termos semelhantes: explícito/implícito-tácito, posto/pressuposto, visível/invisível, foco/campo, consciente/inconsciente, manifesto/oculto, etc.
---------------------------------------------------------------
Explicação do que é: Tangível é o aspecto que viabiliza que outros aspectos possam ser percebidos, sentidos e compreendidos por alguém. Intangível é toda a realidade que, definitiva ou circunstancialmente, não conseguimos acessar e perceber.
Métodos análogos:
As ciências, especialmente as exatas e aplicadas, têm como objeto os aspectos tangíveis da realidade, que podem ser constatados, mensurados, manipulados e controlados para a obtenção de resultados normalizados, estáveis e previsíveis.
As religiões, por outro lado, também lidam com necessidades humanas - lidar com a dor da perda de um ente querido, tentar dar ordem para o universo, estabelecer uma ordenação clara entre "bem e mal", buscar o sentido da vida etc - mas necessidades que se encontram na dimensão intangível da realidade e são originalmente indomáveis, imensuráveis, incomparáveis, intraduzíveis e assim por diante.
Aspectos relacionados:
O que está incluído costuma ser mais tangível e o que foi excluído é mais intangível. O que é relativo, medido na relação de comparação entre um e outro aspecto é mais tangível do que é imanente e absoluto.
---------------------------------------------------------------
Exercícios.
Questão: Se uma cachoeira não pode ser vista como as demais, ainda assim é uma cachoeira? Bem, é o que dizem da maior cachoeira do mundo, que fica debaixo d’água.
Questão: O que eu não vejo determina minha realidade ou não? Numa viagem exótica de férias, entro e nado calmamente num agradável rio. Dias depois descubro que aquele local é infestado de jacarés. Pergunta: jacarés perturbam o mergulho no rio ou não? Se sim, como é possível pessoas entrarem num rio cheio de jacarés e agirem como se eles não perturbasse o mergulho?
---------------------------------------------------------------
O intangível por vezes torna-se tangível por meio de diversos recursos. Um deles é a tecnologia, que baseada na ciência, nos permite "ver" coisas que estariam completamente inacessíveis para nós, como voar um avião de noite ou no meio de nuvens sem saber onde se está.
Assim, voa-se com instrumentos e sem visibilidade. Nesse caso, são as abstrações tecnológicas, intermediadas pelos instrumentos concretos, que permitem negar a experiência pessoal (uma janela com zero visibilidade no meio do nada) e agir com tranquilidade frente ao intangível tornado tangível por meio da ciência, da técnica e da fé em ambas.
---------------------------------------------------------------
Muitas vezes tomamos a aparência, uma das facetas do tangível, como antecedente suficiente da presença do intangível correspondente:
“Onde há fumaça, há fogo.”
“Para bom entendedor, meia palavra basta.”
Mas na prática, as aparências podem ser enganosas, pois “nem tudo que reluz é ouro”, e podem até indicar que vai acontecer o contrário que acontece: " e cachorro que late não morde”.
---------------------------------------------------------------
O Tangível e o Intangível no jogo da realidade.
Nos jogos de azar - não sabemos que carta vamos tirar no poquer, não sabemos em que casa da roleta a bolinha vai cair, não sabemos que números vão ser sorteados na loteria; e mesmo esportes, não sabemos que time de futebol ou basquete vai ganhar o campeonato esse ano - o intangível, o inacessível, estão sempre presentes, como um fator de desafios aos envolvidos e suspense dos espectadores.
E a bem da verdade, o intangível, o incontrolável, é abordado em conjunto com o tangível, se levarmos em consideração as partes explícitas do jogo, suas regras, a técnica dos jogadores, campo de jogo adequado e assim por diante.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e os demais aspectos da realidade.
Um dos aspectos da realidade ao qual o tangível e intangível é diretamente ligado é o aspecto da representação.
A representação tem um observador, um observado, condições variadas que influenciam na realidade observada (como o ponto de observação, seu ângulo e distância do observado, o tempo de observação etc.), a posição da fonte de luz, as diversas perspectivas possíveis, e assim por diante. Como no exemplo abaixo das facetas da Lua:
Outra perspectiva que a visão das diferentes facetas da Lua nos traz é que, ao vermos uma faceta da Lua, presumimos que o restante está escondido de nós. A extrapolação desse visão, de que num sistema fechado, o que não está aparente está oculto, nos leva por exemplo a, ao conhecer alguém e ver apenas uma faceta de caráter bem marcada, imaginar que a faceta oposta está oculta de alguma forma.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e a realidade que é sobre mim.
No que trata sobre mim o intangível tem um papel fundamental. Mas vamos começar pelo começo.
Quando tratamos sobre cada um de nós, o primeiro que aparece são as nossas características, crenças e comportamento pessoais externos, nossa máscara social. A persona, conceito de Jung, é a forma como nos apresentamos socialmente, nosso comportamento aparente. A consciência é o conceito psicológico por excelência, aquilo que sabemos de nós, que reconhecemos, que enunciamos.
Essa parte, o explícito sobre nós já é importante, visto que o problema original é se referir à realidade como se a realidade pessoal, nossas subjetividades, não fizessem parte dela e da observação que dela fazemos.
Mas o segundo passo, mergulhar em nossa inconsciência (aquilo que não acessamos e não sabemos sobre nós mesmo) ou então, entrar em contato com nossa sombra ( ou seja, aquilo que renegamos em nós mesmos e deliberada e inconscientemente somos incapazes de compreender como conteúdos próprios relevantes), é ainda mais importante, pois as maiores falhas e frustrações estão na distância entre o que não sabemos de nós mesmos e a certeza com a qual nos manifestamos sobre como as coisas são na realidade.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e o princípio da existência.
Tanto o que é tangível quanto o que é intangível existe, igualmente, afinal, tudo existe,
A existência do que é tangível parece afirmar-se por si própria, mas o nosso problema é com a existência do intangível, pois acreditamos que se não vemos ou temos como comprovar, não há como saber se é verdade.
Essa é uma forma primitiva de conceber o universo, visto que ele é infinitamente mais longo e mais antigo que nossa percepção, cultura e história. Assim, reconhecer a existência do que não vemos, não acessamos, não concebemos, mas os outros percebem, lidam e compreendem, é um dos desafios-chave para a boa convivência em sociedade.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e o princípio da variação.
Como sempre, pensamos nas categorias e aspectos como estáticos e rígidos. Mas o fundamento da variação nos permite compreender melhor a realidade e sua dinâmica.
Assim, tangível e intangível variam conforme as circunstâncias e o que estava explícito pode passar a implícito, e o que estava inacessível pode passar a acessível.
Essas transformações são constantes e dependem dos mais variados fatores.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e o princípio do pertencimento.
Em cada aspecto, dimensão, fragmento, e componente da realidade visível a nossa percepção, existe uma realidade intangível que não está revelada. Ambos pertencem, mesmo que vejamos apenas o tangível.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e o princípio das forças e contraforças.
As forças e contraforças são, muitas vezes, intangíveis, porque por vezes a) não são visíveis, como por exemplo as forças magnéticas, b) encontram-se em estado de equilíbrio durante a observação realizada (e aí parece não haver força alguma), c) não há movimento, oscilação, ou outro sinal de energia, e d) a presença é de energia potencial em vez de energia cinética. E assim por diante.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e o princípio da autonomia.
Em alguns casos a continuidade e correspondência entre o que é tangível e o que é intangível são bastante consistentes (o restante do iceberg, as facetas escondidas da Lua, etc).
Em outros, o intangível faz jus a sua natureza, e simplesmente não sabemos o que se encontra lá. O que levanta a questão-chave: Qual a autonomia do tangível, a parte visível do iceberg, em relação a sua parte invisível?
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e a realidade concreta.
A realidade concreta é onde aprendermos, naturalmente, os conceitos de tangível - aquilo que vemos, percebemos - e de intangível, aquilo que está fora de nossa alcance ou percepção.
A experiência natural do tangível inclui tudo da realidade concreta que é da escala humana natural, nem grande demais, nem pequeno demais, e que não demanda qualidades excepcionais de percepção e observação.
---------------------------------------------------------------
Tangível e intangível e a realidade pessoal.
Na medida que os elementos da realidade intrapessoal sejam visíveis aos demais, eles se comunicam com mais facilidade com a realidade interpessoal.
Muitos aspectos da realidade intrapessoal, todavia, são intangíveis, para as demais pessoas, e por vezes, mesmo para nós, na medida em que seja inconsciente daqueles conteúdos próprios (a maioria de nós somos ignorantes, de boa parte do que somos).
-------------------------------------------------------------
Crédito da imagem: <a href="https://pixabay.com/pt/users/moteoo-466065/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1421411">Mote Oo Education</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=1421411">Pixabay</a>
Crédito da imagem lua, sol, terra: <a href="https://pixabay.com/pt/users/openclipart-vectors-30363/?utm_source=link-attribution
&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=150852">OpenClipart-Vectors</a> por <a href=
"https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content
=150852">Pixabay</a>
Inclusão e Exclusão
O "coração de mãe" é feito de inclusão,
por isso sempre cabe mais um.
”Nos pegamos coisas que são continuas e as separamos em categorias"
- Robert sapolsky
---------------------------------------------------------------
O motivo pelo qual a professora de artes pede tesoura e cola para as aulas é que às vezes precisamos cortar (que é uma forma de exclusão), e às vezes precisamos colar (que é uma forma de inclusão) para alcançar os resultados que queremos ou necessitamos.
---------------------------------------------------------------
A inclusão, tal como a exclusão, é não apenas um estado e uma percepção. Ambas são também operações, movimentos, que se realizam em nossas vidas constantemente, como por exemplo quando inspiramos e expiramos o ar de nossos pulmões.
E quando compomos uma música com as notas musicais, e quando escrevemos uma palavra com letras, e uma frase com palavras, e um texto com frase. E quando colamos tijolos com cimento e formamos uma parede, e juntamos paredes e formamos um apartamento, e juntamos apartamentos e formamos um prédio, e juntamos prédios e formamos um condomínio, e juntamos condomínios e formamos um bairro, ... e assim por diante.
Da mesma forma a decomposição e separação são igualmente úteis, quando dividimos as compras do supermercado em várias sacolas para ser mais fácil de carregar, quando dividimos o livro em capítulos para a leitura ser mais agradável, quando separamos o texto em parágrafos para as ideias ficarem mais claras, quando distinguimos (a distinção é uma forma leve de exclusão) uma ameaça de um benefício, quando fechamos a porta de nossa casa para dormirmos com mais segurança, quando separamos a fila preferencial da fila normal de atendimento... e assim por diante.
Já nas questões pessoais (intrapessoais ou interpessoais), a inclusão e a exclusão assumem impacto ainda maior, e os aspectos subjetivos que não integramos em nossa consciência (nosso inconsciente, nossa sombra etc.) agem como uma bola de ferro presa à nossa perna, consumindo muito de nossa energia vital.
Da mesma forma, quando excluímos a possibilidade de que a opinião diferente da nossa possa valer igualmente a nossa, quando tomamos muito dos outros mas não devolvemos em igual medida, quando julgamos as pessoas pelo que são - excluído-as moralmente do campo das coisas boas e justas -, e quando, nas relações que temos, nos afastamos por medo ou raiva, também agimos como quem tem uma bola de ferro presa à perna, e assim muito se consome de nossa energia vital.
A medida certa do que incluir e do que excluir, do quando incluir ou excluir, do como incluir e excluir etc. é uma arte e uma das habilidades a serem aprendidas para viver melhor na realidade como ela é.
------------------------------------------------------
A cada momento inspiramos e expiramos,
incluímos e excluímos,
a vida avança e recua.
------------------------------------------------------
Explicação do que não é.
A inclusão de que tratamos é uma categoria, aspecto, geral, de múltiplas facetas, e graus, cujos desdobramentos são os mais variados, tais como a inclusão/exclusão social, econômica, cultural, política, étnica, moral, circunstancial e assim por diante. O aspecto geral compreende as características gerais dos desdobramentos mas não se limita a nenhum desses derivativos e suas especificidades.
------------------------------------------------------
Explicação do que é.
A inclusão e a exclusão são operações básicas que criam e recriam nosso mundo, e que se apresentam como dualidades constitutivas da realidade como ela é, estando presentes em suas propriedades - realidade concreta, abstrata, pessoal, etc. - e em outros aspectos.
------------------------------------------------------
Métodos relacionados.
A obra Rápido e devagar de Daniel Kahneman de certa forma lida com categorias consequentes da inclusão e da exclusão, visto que o primeiro processo acumula informações e leva a um raciocínio devagar e o segundo recorta as essenciais e leva a um processo de raciocínio rápido, cada qual com a sua especialidade, vantagens e desvantagens.
------------------------------------------------------
Aspectos relacionados.
Inclusão e exclusão são umbilicalmente ligadas ao fundamento do pertencimento (que é gerado pela inclusão) e da autonomia (que é gerada pela exclusão). Há também relação com o todo (maior), fruto da inclusão, e com a parte (menor), fruto da exclusão.
------------------------------------------------------
A inclusão e a exclusão no jogo e na invenção da realidade.
Os jogos que conhecemos, jogos finitos, de tabuleiro, competições esportivas etc. são bem rígidos da definição do que pode ser incluído em cada jogo e na definição das regras que, se violadas, geram exclusão do jogo.
O jogo da realidade, jogo infinito, contudo, não tem regras e limites desse tipo. Dele participam todas as forças do universo, todas as pessoas (queiram ou não) e todos os subjogos - sejam os referidos acima, sejam os subtipos como o jogo político, e jogo social etc. - estão nele contidos e a ele se integram.
------------------------------------------------------
Interações da inclusão e da exclusão com os demais aspectos da realidade.
Interações 1 - O espectro progressivo da inclusão e da exclusão.
O espectro ordena aspectos diversos partindo de graus menores e indo até os graus maiores. Esses graus também podem ser considerados termos análogos ao aspecto ao qual se referem. Assim temos:
Termos análogos/graus em ordem crescente de inclusão: aproximação, juntada, maior, mais, adicionar, revelar, acoplar, compartilhamento, composição, síntese, afirmação, integração e criação.
Termos análogos/graus em ordem crescente de exclusão: distinção, análise, afastamento, menor, menos, subtração, separação, oposição, negação, eliminação e destruição.
Os graus extremos da inclusão (a criação, que faz "surgir do nada") e da exclusão (a destruição, que faz "desaparecer no nada") são os mais misteriosos e nos trazem questões como: de onde veio o que foi criado? como foi criado? ou já existia e foi apenas relevado? e o que foi destruído, para onde foi? mantém uma essência que conserva-se mesmo perdendo a forma original?
------------------------------------------------------
Interações 2 - Relação com as partes e o todo.
Como vimos acima, uma das facetas da inclusão é exclusão é o resultado que produzem: ao incluirmos algo, temos como resultado um algo maior, que é um todo em relação às partes que o compuseram. Da mesma forma, ao excluirmos algo, temos como resultado algo menor, que é parte em relação ao todo que antes integrava.
Assim, o uso dos termos 'maior' e 'menor' na realidade invocam tanto as partes e o todo (que são menores e maiores em relação a si próprias) como o processo/operação pelo qual se chegou até aquele resultado, ou seja, a inclusão e exclusão.
O maior é fruto do “mais isso” que inclusão realizada, assim como o menor é fruto do “menos isso” que a exclusão realiza.
Mais e menos realizam a adição de algo computável e não de qualidade diversa. '5 - 2' é um exemplo, '7 - bananas' não é. A inclusão e a exclusão funcionam tanto com quantidades (computáveis) quanto com qualidades (não computáveis), mas o 'mais' e o 'menos' usam-se apenas com aspectos computáveis.
------------------------------------------------------
Interações 3 - Problemas da inclusão e da exclusão.
A inclusão e exclusão, ao se combinarem (se combinar é uma forma de inclusão) com os problemas (que são subaspecto do bem comum) formam, dentre outros, os problemas da inclusão e da exclusão, e, dentre esses, os problemas decorrentes dos excessos da inclusão e da exclusão.
“Aquele que quebra uma coisa para descobrir o que ela é
deixou o caminho da sabedoria”
- JRR Tolkien
"Eu sei que até que parece sério, mas é tudo armação,
o problema é muita estrela, para pouca constelação"
- Raul Seixas.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e a realidade que é sobre mim.
No tópico que é sobre mim tratamos da relação das nossas questões pessoais com o restante da realidade. O problema típico aqui é que se exclui a dimensão pessoal, singular, de cada um de nós, do debate "objetivo" de compreensão da realidade e de como nela intervir.
A solução para esse problema é a inclusão dos aspectos subjetivos de cada pessoa concreta - eu, você leitor, e os demais - na realidade, porque a exclusão da realidade pessoal - e em especial da nossa realidade pessoal - nos leva a atribuir à realidade concreta e abstrata elementos que são nossos, e que os tratemos como se fosse objetivos, válidos a todos. E se todos fazem isso, temos o caos.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão, o princípio da existência e a realidade concreta.
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"
- Lavoisier
Essa excelente formulação da realidade vista acima nos ensina que a criação e a destruição - graus extremos da inclusão e da exclusão - que parecem fazer as coisas "surgir do nada" e "desaparecer no nada" são na verdade melhor compreendidas como transformações, com o abandono de formas antigas, adoção de novas formas, e conservação da existência (ou da energia no contexto da realidade concreta do qual Lavoisier trata).
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e o princípio da variação.
Toda inclusão ou exclusão, em qualquer grau que se realize, provoca uma transformação do aspecto incluído/excluído e do seu ambiente (onde ele foi incluído ou de onde ele foi excluído). Mas a variação é mais ampla e não implica necessariamente inclusão ou exclusão.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e o princípio do pertencimento.
A inclusão cria novas relações e a exclusão destrói velhas relações. A exclusão reduz ou restringe o pertencimento e a inclusão o realiza, expande. É da inclusão que resulta o pertencimento ao todo, da parte que antes mostrava-se ausente ou apartada. Esse é a função mais importante e chega a confundir-lhe com o fundamento do pertencimento, pois este não se realiza sem a inclusão.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e o princípio das forças e contraforças.
Como vimos mais acima, o "mais" e o "menos" são versões/graus da inclusão e da exclusão. Pois a dinâmica das forças é de regra movimentada exatamente pelas variações de "mais forças, menos contraforças", "menos forças, menos contraforças", "mais forças, mais contraforças" e assim por diante em complexos movimentos de ação e reação.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e o princípio da autonomia.
De regra, assim como a inclusão, quanto maior for o seu grau, mais realiza o pertencimento, da mesma forma a exclusão, quanto maior for o seu grau, maior realiza a autonomia. É verdade, contudo, que o pertencimento adequado pode se realizar com graus mais baixos de inclusão, e que graus mais altos de exclusão podem acabar por prejudicar a autonomia em outros aspectos.
E como vimos na autonomia, temos a liberdade negativa e a positiva. A negativa realização com a exclusão, mas a positiva, quando se realiza, é com a inclusão. Assim, a inclusão adequada pode desenvolver a autonomia assim como a exclusão inadequada pode prejudicar a autonomia, embora esses sejam os efeitos primários desses aspectos.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e a realidade pessoal.
Na sociedade, o campo maior de realização das realidades interpessoais, há constante movimento e necessidade de se definir quem pertence ou não a certos grupos, quem participa do que, quem acessa os recursos escassos, e assim por diante.
Os grupos buscam e realizam a inclusão de quem age de acordo com seus valores e regras, e buscam e realizam a exclusão de quem os viola. A pena privativa de liberdade (prisão) que tem um limite de tempo, a pena de prisão perpétua, e a pena de morte (as duas últimas vedadas no Brasil), são expressões óbvias e contundentes de exclusão de seres humanos da convivência em sociedade, ou seja, aceitamos a exclusão que reduz a vida de alguns quando cremos que existem valores maiores (como a vida de outros por exemplo) que se preservam por meio dessa exclusão.
E no que diz respeito ao acesso aos recursos existentes na realidade, temos referências (inclusão por necessidade vs por mérito) e modelos variados, concorrentes e complementares de se realizar a inclusão. O capitalismo propõe o acesso por mérito (e todos somos diferentes em certos aspectos), e mede esse pelos recursos de capital privado, dinheiro que cada um possui.
O socialismo propõe o acesso pela igualdade (e todos somos iguais em certos aspectos), e define o acesso sem medi-lo (basta ser um nacional por exemplo), propondo todavia que as diferentes necessidades de cada um sejam supridas, ou seja, quanto mais necessidades, mais direitos, ao contrário do capitalismo, que propõe (na prática é isso) mais direitos (fala-se em mais recursos, mas dá no mesmo) quanto mais mérito exista.
Em ambos os casos estamos falando da teoria, do que em tese buscam, sendo que as distorções políticas na prática são as mais variadas, como quando um governo se diz de uma ideologia, mas realizar muito mais da outra, e assim por diante.
------------------------------------------------------
A inclusão, a exclusão e a realidade abstrata, e os dois caminhos da imparcialidade da justiça.
O ideal de justiça busca tratar a todos igualmente. Existem pelo menos duas estratégias opostas para se buscar esse resultado
A primeira, tradicional do Direito, é buscar excluir todos os fatores de influência do mundo que possam gerar parcialidade na decisão, vamos chamar essa abordagem de imparcialidade negativa, alcançada pela justiça e pelo juiz ao afastar-se das subjetividades, questões sociais, aspectos contemporâneos da cultura, política etc.
A segunda estratégia de busca da imparcialidade na justiça é - aceitando-se que nunca seremos capazes de excluir todos os fatores influentes (há no mínimo certos fatores e parcialidades nos julgadores que não conseguimos ou conseguiríamos excluir, pois ele não é e não deve ser uma "máquina") - buscar incluir todos os fatores que influenciam o julgamento, sem deixar nenhum relevante de fora, e a partir daí pesá-los adequadamente para alcançar a melhor proporção, justiça, para o caso concreto.
Denominamos essa estratégia de imparcialidade positiva.
-------------------------------------------------------------
Crédito da imagem: <a href="https://pixabay.com/pt/users/geralt-9301/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2167843">Gerd Altmann</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2167843">Pixabay</a>
Absoluto e Relativo
Este conteúdo é introduzido na página dos Opostos Complementares.
Por um lado: "É o que é!"
Por outro: "A grande sabedoria, penso eu, é ter
um sentido relativizado de tudo. Não dramatizar nada.”
- Saramago
-----------------------------------------------------------
- Isso é bom.
- Depende (é relativo).
Há um conto chinês que ilustra bem a questão que sempre se coloca, se algo é bom (ou mal) por si só, ou se é relativo e depende de outros aspectos para ser assim julgado:
-----------------------------------------------------------
A análise desse aspecto inicia-se na página dos enfoques.
-----------------------------------------------------------
Explicação do que não é: Absoluto e relativo são conceitos filosóficos complexos, que têm uma história de análises e significados variados. Aplicam-se aqui os significado que sejam compatíveis com os demais aspectos da teoria, valendo especial destaque para o caráter complementar e tratamento conjunto que fazemos de ambos.
Termos semelhantes: Imanente, transcendente; em si, em relação; intrínseco e extrínseco, autorreferente, heterorreferente; próprio/alheio e comum,
Explicação do que é: Absoluto é aquilo que é tomado como medida de si mesmo. Relativo é aquilo que é observado não a partir de si mesmo, mas de outro ponto de referência, entre os quais se estabelece uma relação.
Métodos análogos e referências: Os conceitos de próprio/alheio e comum, que foram desenvolvidos em minha dissertação de mestrado em filosofia do direito são próximos dos conceitos de absoluto e relativo.
Aspectos relacionados: O absoluto é mais "denso" mas é menor que o relativo, que engloba vários absolutos, assim, de certa forma, o absoluto se aproxima do aspecto da 'parte' e o relativo do aspecto do 'todo', e por isso, o absoluto é coerente, mas não é completo, e o relativo é completo, mas não é coerente.
-----------------------------------------------------------
O absoluto e o relativo no mundo.
Exemplo: a realidade temporal.
O absoluto, e o relativo, estão presentes nas ingredientes da realidade. Assim, por exemplo na teoria da relatividade de Einstein, na natural imanência de todas as coisas concretas do mundo, na natural relatividade de todos os conceitos, e na relatividade de nossos conteúdos pessoais (uma mesma coisa gera sentimentos e respostas diferentes em cada pessoa).
-----------------------------------------------------------
Vivo falando das verdades (absolutas) do mundo, mas muito que falo é relativo e sobre mim.
O absoluto, e o relativo são fundamentais para entendermos a função do domínio da realidade que é sobre mim.
Na maioria das vezes que conversamos, falamos objetivamente, das coisas em si, a verdade, a sociedade, o conflito que aconteceu, a minha amiga que mentiu etc.
Apenas às vezes damos pistas de que na verdade somos nós que estamos falando aquilo, revelando a subjetividade que também existe numa fala objetiva - "eu acho", "eu penso", "eu acredito", "eu percebo" e assim por diante.
O domínio sobre mim serve exatamente como o espaço onde todas as questões da realidade devem ser vistas em relação a mim, à minha história, aos meus sentimentos, aos meus medos e desejos, ao momento em que vivo, e assim por diante.
-----------------------------------------------------------
O princípio da existência é absoluto.
Tanto o absoluto, quanto o relativo, como aspectos, existem, afinal, tudo existe. Todavia, o fundamento da existência fala principalmente da dimensão imanente e autorreferente de cada aspecto e de toda a realidade. E a existência em si é absoluta e para existir não depende de nenhum outro fator ou aspecto, como o modo, forma, estrutura, aparência pelos quais a existência se manifesta na realidade.
-----------------------------------------------------------
O absoluto não varia.
O absoluto vale por si, autorrefere-se, e portanto, não varia. Já o relativo, em sua própria definição, relaciona dois ou mais aspectos, ou seja já há variedade e já está presente o fundamento da variação.
-----------------------------------------------------------
As relações, o relativo na prática, formam o pertencimento.
Na perspectiva de cada pequena realidade que faz parte da realidade maior que é a realidade como ela é, o absoluto é a parte, considerada em si, que é integrada num todo maior. Já o relativo, as relações e conexões são o aspecto elementar central do que é o fundamento do pertencimento. porque para algo pertencer, precisa estar relacionado ao que pertence.
-----------------------------------------------------------
A autonomia, em si, é absoluta. Mas na relação com os demais aspectos, é relativa.
Assim como o aspecto relativo é a base do fundamento do pertencimento, o aspecto absoluto, a imanência, é a base do fundamento da autonomia, afinal, a primeira e fundamental autonomia que todo aspecto e toda realidade possuem é poderem ser considerados, em si mesmos, uma realidade e um aspecto, diferenciando-se do seu entorno, origem, classe, grupo, contexto e assim por diante.
-----------------------------------------------------------
As forças são absolutas. As contraforças são relativas.
Na combinação com as forças e contraforças, o absoluto, assim como a força, é o ponto de partida original da realidade. Já o relativo, assim como as contraforças, é um movimento secundário. Não há como haver algo relativo a alguma coisa sem que haja "algo" e "alguma coisa" antes, assim como não são possíveis contraforças sem forças que as precedem. O caráter absoluto das coisas as ancoram e o caráter relativo as tensionam.
-----------------------------------------------------------
O absoluto, e o relativo, e a realidade concreta.
Se usarmos a Crostra Terrestre como uma metáfora, o que comumente observamos de um realidade é apenas sua crostra, camada, exterior, a qual foi formada, determinada, alterada, e é mantida como a mais atual versão das interações com seu ambiente.
Depois dessa primeira camada exterior do objeto, quase transcendente, seguem-se outras camadas, sucessivamente, em direção ao âmago, e a soma delas forma o todo. Da mesma forma que ocorre com as camadas de uma cebola. O que costuma-se chamar de essência são as camadas mais internas, antigas e originais. Quanto mais interna a camada mais autorreferente ao seu objeto e menos heterorreferente ao seu ambiente, e ao contrário, quanto mais externa e responsiva a camada, mais relaciona-se com seu ambiente.
-----------------------------------------------------------
O absoluto, e o relativo, e a realidade pessoal.
A mesma pertinência que o absoluto/relativo tem com o domínio que trata sobre mim (e sobre você), tem com a realidade pessoal, embora num grau menor.
A realidade pessoal engloba todos os elementos relativos às nossas experiências subjetivas, pessoais, as quais são absolutas em si mesmas, mas relativas a cada indivíduo, na medida em que cada um sente, pensa, crê, age etc. de forma diferente (sendo que exatamente essas diferenças de cada indivíduo é que constituem o objeto do domínio denominado é sobre mim).
-----------------------------------------------------------
Filosofando na academia de musculação.
A anilha de musculação é um peso (normalmente feito de ferro) que tem forma circular e que possui um furo no meio, sendo que esse tem a função de realizar uma junção com outros pesos, a qual se realiza com um encaixe numa barra na qual se colocam todos os pesos, para se obter o peso total.
Uma configuração simples e concreta como essa também serve para explicar os conceitos de absoluto e relativo.
Cada anilha tem seu peso (muitas vezes escrito em si mesma), que se identifica como algo que lhe é realmente próprio, imanente. Ao mesmo tempo, essa anilha com peso independente se relaciona com outros objetos - a barra, outras anilhas - que o transcendem, e formam todos eles, juntos, em relação, um novo peso, um novo todo maior que suas partes integrantes.
A anilha representa fisicamente uma forma de compreender o fato de que cada fragmento da realidade tem uma parte absoluta, própria, E uma parte relativa, que também faz parte de si, mas não lhe é imanente, mas transcendente, porque vai além de si mesma e lhe relaciona a outros objetos extrínsecos, ligando-os e criando uma nova realidade maior, o peso total, a qual a anilha original constitui, integralmente, sem que tenha perdido sua natureza imanente, seu peso original.
-----------------------------------------------------------
Quando estou em relações diferentes, me torno, naquela relação, diferente também?
Num mesmo assunto, a pessoa pode ser mais de uma coisa ao mesmo tempo? Posso ser, por exemplo, palmeirense, corintiano e colorado? Tem gente que acha que não, tem gente que acha que sim (eu por exemplo), enfim, é relativo, embora nesse assunto a posição que aceita a relatividade seja superminoritária.
Num outro assunto todavia, nos papéis que exercemos nas relações familiares já não há problema em se aceitar que uma mesma pessoa seja diferente, inclusive em posições "opostas", desde que o seja em relação a pessoas diferentes.
Em termos absolutos, como já aprendemos, eu sou eu, mas em termos relativos, eu posso ser outras coisas na relação com outros aspectos e pessoas. Assim, não me perguntam no dia a dia se sou pai ou filho. Porque aceita-se que eu possa ser pai em relação a uma pessoa e filho em relação a outra (mas não as duas coisas em relação à mesma pessoa), porque sou pai na relação com minha filha e sou filho na relação com o meu pai, e isso vale para as demais relações de parentesco.
A explicação talvez seja a de que as questões familiares são relacionais por definição, e não existe família de mim comigo próprio. Assim, aceitar a relatividade de diferentes posições, funções e definições de um mesmo agente numa esfera onde já se estabelece isso de antemão, torna-se a norma. E isso podemos fazer com todos os domínios da sociedade e é isso que se propõe aqui.
-----------------------------------------------------------
Tudo é relativo. Inclusive essa afirmação.
-------------------------------------------------------------
Crédito da 1a imagem: de <a href="https://pixabay.com/pt/users/barbaraalane-756613/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2197302">Barbara A Lane</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2197302">Pixabay</a>
Crédito da 2a imagem: Victor Freitas: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoa-segurando-barra-841130/
---------------------------------------------------------------
Absoluto e relativo
---------------------------------------------------------------
Me chamo Cláudio, tenho 40 anos, e sou um advogado bem-sucedido. Juliana, minha esposa, é uma bela morena de 30 anos, cabelos cumpridos, sorriso dócil, e super carinhosa. Esse ano comprei um Passat 0km, bancos de couro, impressiona por onde passa. Enfim, sou um cara feliz.
Quer dizer, depende. Eu gosto da minha vida sempre que olho para ela, em si. Mas infelizmente, meu vizinho aqui da minha rua no Alphaville, o Richard, torna a minha vida infeliz.
O Richard tem apenas três anos a mais que eu e já é um empresário mega bem sucedido. Multimilionário, a sua casa é a mais bela mansão da região, feita por um famoso arquiteto francês. A Mel, a mulher dele, foi miss, e é um espetáculo, gostosa demais, comportamento de dama na sociedade (e aí eu fico imaginando como o ditado diz que é no privado). Os filhos deles são superdotados, e a menina já é uma influencer famosa que ganha mais dinheiro do que eu.
Cara, quando eu penso no Richard, é triste de ver. Sei que pode parecer exagero, mas acho a minha vida uma bosta, frustrante. Eu ganho muito menos do que gostaria e mereço. A Juliana, a bem da verdade, é meio fria na cama e eu não consigo deixar de pensar em como era gostoso no começo da nossa relação.
[narrador]: Cláudio nos dá um bom exemplo de duas formas diferentes de abordar a realidade, uma, absoluta, focando na coisa em si, a outra, relativa, focando na coisa em comparação, em relação, com outras coisas. O modo absoluto e o relativo de ver as realidades, o mundo, está presente em cada momento de nossas vidas. Eles podem ser bem ou mal utilizados, podem tornar a nossa vida melhor ou pior, a depender de como são compreendidos. E a função desse tópico é compreende-los.
---------------------------------------------------------------
Para nós, o absoluto e o relativo são perspectivas, dimensões de cada aspecto da realidade. Ou seja, cada situação que analisamos pode ser vista por um, por outro, e idealmente, pelos dois.
A perspectiva absoluta de análise revela-se quando vemos algo em si mesmo. A relativa, quando vemos algo numa relação com outra coisa. No primeiro caso, estamos na dimensão do imanente, do autorreferente. No segundo, estamos na dimensão do transcendente, do heterorreferente.
A perspectiva de julgar algo por si foca em seus elementos internos, intrínsecos. A que julga algo relativamente, em relação, foca nos elementos externos, extrínsecos. Na perspectiva absoluta, cada coisa, cada aspecto é, em si mesmo, o mais importante. Já na perspectiva relativa, os aspectos são relativamente importantes, uns em relação aos outros, conforme a referência adotada, as circunstâncias e assim por diante.
Quando olhamos para uma casa pela perspectiva da imanência, podemos dizer algo como "essa casa é uma casa", o que é óbvio mas é também 100% correto. Já quando olhamos para essa casa pela perspectiva relativa, vamos dizer algo como "essa casa é um lar" ou "essa casa é azul", o que não é necessariamente verdade, porque aqui estamos dizendo que uma coisa é outra coisa, pois um lar é diferente de uma casa, e a cor azul também.
Isso parece ser "viagem" de filósofo, mas para ficar num exemplo simples, acima vocês viram que o Cláudio tá numa enrascada por estar usando a perspectiva errada para julgar o sucesso de sua vida.
E para usar uma metáfora, que já é algo relativo, que transporta um sentido para uma aplicação diferente do seu contexto original, os aspectos na perspectiva do absoluto e relativo podem ser comparados a uma caixa.
Se a caixa está com a tampa fechada, estamos tratando do aspecto em si. E trata-se do aspecto em relação, se a caixa está com a tampa aberta, e podemos ver o que está dentro, e o que está dentro pode ser posto para fora (relações das características internas com aspectos externos), e o que está fora pode ser posto para dentro (relações de aspectos externos com características internas).
Para ver mais sobre esse par de aspectos, vá para o post que trata deles diretamente.
Partes e Todo
Partes formam todos. Todos são formados pelas partes.
- Pronto, tá quase tudo explicado.
Uma forma de ver é mundo é por meio de suas partes, do todo formado por elas, e desse todo como uma das partes que forma um todo maior, e assim por diante, sucessivamente. Da mesma forma, algo que vemos como um todo, é composto de partes que, cada uma em si, é um todo, que também é composto de partes, e assim por diante, sucessivamente. Podemos também dizer que as partes formam um todo diferente, assim como o todo é formado de partes diferentes.
Sendo assim, cada aspecto (uma parte isolada da realidade) é tanto parte como todo.
E, sabendo que (a) a realidade como ela é é formada de realidades menores, que por sua vez são formadas por partes menores, e assim sucessivamente, e (b) cada realidade, componente de realidades maiores e composta de realidades menores, é uma unidade indissociável de n-aspectos, entendemos que as realidades menores são partes constitutivas das realidades maiores, sucessiva e indefinidamente, assim como as realidades maiores são todos constituídos de realidades menores, e essas de realidades menores, e assim por diante sucessiva e indefinidamente.
---------------------------------------------------------------
As partes, o todo, e os fractais.
Embora nossa abordagem das partes e do todo seja filosófica, existem realidades físicas e matemáticas parecidas que podem ilustrar o conceito e ajudar na compreensão.
Dentre essas estão os fractais, que são objetos que podem ser compostos ou decompostos de forma a sempre gerar os mesmos objetos, que podem ser novamente compostos e decompostos, e assim sucessiva e infinitamente.
Todavia, na realidade como ela é, os aspectos de parte (compositora de outros todos maiores) e de todo (composto de outros todos menores) que cada elemento da realidade possui, não são literalmente iguais como os fractais, e sim os mais diferentes possíveis.
Os aspectos da realidade, em suas facetas de partes e todos, podem ser manipulados por meio de análise e síntese, como as ciências exatas costumam demonstrar.
Já a realidade em si, composta de realidades componentes que continuem realidades maiores, ou de realidades compostas que são constituídas por realidades menores, em ambos casos sucessiva e infinitamente, pode ser criada, mas não pode ser decompostas, como os aspectos, sem perder suas características.
---------------------------------------------------------------
O todo é diferente da soma das partes.
Uma visão mecanicista do mundo acredita que o todo não é nada além da soma de suas partes. Mas uma visão da realidade como ela é, que engloba mas não se restringe ao modelo mecanicista, revela que “o todo é diferente da soma das partes”, no mínimo, se por nenhum outro fator, pela função exercida e pela singular ordenação que ele faz de suas partes.
Um exemplo da diferença e coexistência do todo e da soma das partes é quando todas as peças de um puzzle estão guardadas na caixa do brinquedo, em comparação quando todas estão ordenadas formando um todo maior, a imagem do puzzle.
Assim, nesse aspecto, temos os seguintes subaspectos: a) a parte, b) um conjunto de partes, c) o todo, e d) a parte-todo (um elemento percebido em suas duas funções ao mesmo tempo).
A diferença entre um conjunto de partes e um todo, por exemplo, pode ser ilustrada com a diferença entre quatro músicos e uma banda.
---------------------------------------------------------------
O que você acha que é um todo em si mesmo é, para além disso, parte de um todo maior.
Aprendida a lição saberemos que o que consideramos completo, perfeito, um todo em si mesmo, é apenas parte de algo maior.
Por outro lado, o que consideramos imperfeito, e apenas uma parte incompleta de um todo diferente (o modelo ideal ao qual o imperfeito não atende), é um todo em si mesmo.
As pessoas não discutem se o lápis é, OU o grafite interno, OU o revestimento de madeira externo. Elas aceitam que ambos são partes de um todo maior, o lápis.
Contudo, quando não concordamos sobre o que é parte e o que é todo (o que quer dizer que na verdade estamos tratando de duas partes, e está faltando o todo maior), e discutimos, por exemplo, se nossa sociedade deveria ter liberdade (que é o que o liberalismo propõe) ou igualdade (que é o que o socialismo propõe), achamos e tratamos cada um desses como um todo, completo em si mesmo, e não reconhecemos que ambos são partes de um todo maior, no caso, uma sociedade desejada como livre e igualitária.
Se duas verdades ou realidades se contrapõem, elas são realidades de um mesmo tamanho, partes de um todo maior. Esse todo se revela como uma nova verdade, compreensiva das verdades anteriores, que dá a cada uma delas o seu lugar. E essa nova verdade tambem encontrará os seus limites ao se contrapor a outra verdade, e essa situação virá a revelar a faceta de parte do que antes era um todo. E assim sucessivamente.
Mas quando tratamos cada parte como um todo, apenas como todo e não também como parte de um todo maior, sofremos e fazemos sofrer.
---------------------------------------------------------------
O maior todo não é o tudo, e a menor parte não é o nada.
Sinteticamente podemos dizer que, o Tudo é um todo que não é parte de nada (seria o último todo) e o Nada é uma parte que não é um todo em si (seria a última parte). O uso desses conceitos é uma forma de tentar encerrar a sucessão infinita de partes e todos que constitui a dinâmica da realidade como ela é.
Mas mesmo assim, se fossemos usar a ideia de "tudo" a usaríamos então para o que é o nosso tudo, que é a realidade como ela é. O nada por sua vez seria a negação da realidade como ela é, mas da forma como concebemos a essa, sua negação (que também existe) apresenta-se como parte da própria realidade. Ou seja, a negação absoluta, o Nada, ao ser afirmada, passa a existir (ao menos como afirmação).
Para nós, tanto o Tudo quanto o Nada são abstrações que são absorvidas pelo fundamento da existência: seja tudo, ou seja nada, não importa, o que importa é que existem e pertencem.
-----------------------------------
Cada tópico da realidade é parte de outros
tópicos maiores e é composto de outros
tópicos menores.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e a realidade como ela é.
Conta-se um tempo atrás de um navio, maior que o Titanic, cujo naufrágio foi mais trágico ainda. Por algum motivo estranho essa história caiu no esquecimento.
Quando o navio fez sua primeira viagem, para mostrar sua grandiosidade, todos os habitantes de um pequeno país foram convidados e alocados nele, cada um ganhando uma cabine privativa.
Como a viagem inaugural queria mostrar toda a magnificência do monstro, muitos outros recursos foram levados a bordo e os viajantes tinham acesso a eles e podiam usá-los à vontade.
A viagem duraria muitos meses, e com um certo tempo, a população foi se incomodando em usar os espaços comuns: os religiosos não queriam conviver com os ateus, os eleitores de esquerda com os de direita, os héteros com os homossexuais, os novos com os velhos, as mulheres com os homens e assim por diante.
De início não pareceu tão ruim, porque as espaçosas cabines eram confortáveis para ficar. Por isso, muitas pessoas começaram com o hábito de, usando os recursos disponíveis do navio, decorar suas cabines de forma bela, harmônica e até suntuosa. Muitas pessoas ficavam maravilhadas com o que conseguiam produzir em suas belas cabines, verdadeiros refúgios da alma e do corpo.
Enquanto isso, para além das belas cabines e dos espaços comuns esvaziados, as coisas não iam nada bem na complexa maquinaria do navio. Afinal, a tripulação era imensa, e também estava enfrentando os mesmos conflitos dos viajantes, uns querendo ver os outros pelas costas. O navio começou a dar problemas. Os problemas aumentaram. Um vazamento aqui, outro ali, no início levados a sério, mas com o tempo, multiplicados ignorados, já que o navio se mostrava inafundável.
Enquanto isso, as cabines estavam cada vez mais belas, charmosas, aconchegantes, cada qual com sua própria estética, agradavam perfeitamente aos seus moradores, que as preferiam em vez de ter que conviver nos espaços comuns com todos aqueles conflitos que tinham se instalado no navio. E porque não circulavam mais pelo navio, não viram os sinais de que ele estava fazendo água. Nem conversaram com a tripulação, dentre a qual haviam alguns que sabiam do perigo e o alardeavam, inutilmente.
O navio era tão grande que demorou dias, a partir do fatídico começo do naufrágio, para afundar. Algumas pessoas começaram a perceber logo, outras demoraram. O navio tinha dina menos botes que o Titanic, e era inútil lutar por eles. Assim, as pessoas permaneceram, fatalistas e distraidamente aproveitando sua última visão das belas cabines que construíram.
No ar percebia-se uma sensação geral de que, cada pessoa no navio, ao se concentrar em sua cabine e ignorá-lo, havia tomado a parte, a cabine, pelo todo, o navio, e esse erro foi fatal.
----------------------------------------------------------
Explicação do que não é:
As partes e o todo não são apenas aspectos materiais, coisas, que habitam a realidade concreta, mas também conceituais (como cada termo da definição de um conceito é uma parte constitutiva sua), pessoais (como cada experiência subjetiva própria é uma parte constitutiva minha) e temporais.
Termos semelhantes: componentes/composto, realidade menor/realidade maior, ingrediente/preparado, ...
Explicação do que é:
As partes e o todo são um aspecto em par que é muito útil para compreender a realidade como ela é, ora partindo-se das partes e chegando-se a um todo maior, e tomando esse todo como parte e continuando no processo de encontrar novos todos, ora partindo-se do todo e decompondo-o em partes, e tomando cada uma dessa como um todo em si, e decompondo-a novamente, e assim sucessivamente, até encontrar as distinções necessárias para uma melhor compreensão e intervenção na realidade.
As partes são apenas partes justapostas enquanto não se integram num todo maior, e é isso o que a dinâmica partes-todo permite.
Métodos análogos e referências: análise e síntese, por exemplo.
Aspectos relacionados: a inclusão gera um novo todo, e a exclusão gera uma nova parte.
---------------------------------------------------------------
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
- Carlos Drummond de Andrade
---------------------------------------------------------------
O todo incoerente e a parte incompleta: aceita que dói menos!
Gastamos muito energia buscando a perfeição, a verdade completa e coerente. Mas é uma busca impossível, como querer seguir em dois caminhos opostos ao mesmo tempo. Precisamos aceitar essas verdades incompletas e incoerentes antes de chegar a uma síntese paradoxal que integre o completo e incoerente e o incompleto e coerente.
A coerência é a verdade das partes, e a completude é a verdade do todo.
A realidade como ela é compreende as partes, os todos, e suas verdades, ou seja, é coerente, em parte, e completa, em sua totalidade.
Por outro lado, querer a completude da parte, ou a coerência do todo, é que é irrealizável e nos faz sofrer e desperdiçar uma energia enorme.
Até onde pudemos compreender (essa é uma boa fonte), esse paradoxo aparece em outras áreas da sociedade. dDeparar-se com a incompletude e a incoerência pode acontecer em outros campos, como no teorema da incompletude de Godel. Embora a matemática não seja minha praia, e sujeito a críticas sobre as similitudes e dissimilitudes com esse tópico. análise: a verdade da parte é incompleta e coerente. A verdade do todo é completa e incoerente. E a verdade é feita dessas duas partes.
---------------------------------------------------------------
Duas realidades opostas ao mesmo tempo.
Assim como não conseguimos ver a Lua inteira ao mesmo tempo, ou qualquer outra realidade em sua completude, também não aceitar algo simples como um copo meio cheio E meio vazio.
O mais comum ao ver a imagem acima é adotar a referência da água, e dizer que o copo está meio cheio, ou adotar a referência do copo, e dizer que ele está meio vazio.
E muitas discussões que temos entre nós decorrem de que uma pessoa está focando num aspecto enquanto a outra está focando em outro aspecto, ambos parciais, como na história do elefante, a qual recomendo a leitura.
Mas se formos capazes de integrar as partes, num todo completo, mesmo que incoerente, avançamos na compreensão da realidade e na capacidade de ter uma vida mais realizada e feliz.
---------------------------------------------------------------
Partes, todo, inclusão e exclusão.
Pela exclusão se começa a jornada no todo e se vai em direção às partes. Pela inclusão se inicia a jornada na parte e se vai em direção ao todo.
---------------------------------------------------------------
A qualidade decorre da visão do todo. A quantidade decorre da visão das partes.
A lógica da qualidade enxerga, em cada aspecto da realidade, um todo em si, único.
A lógica da quantidade enxerga, em cada aspecto da realidade, uma parte dentre múltiplas partes, comparáveis e computáveis numa operação capaz de levar a um resultado diferente.
A visão da qualidade gera objetos únicos e incomparáveis. A visão da quantidade gera ordenação entre as partes, escalonamento, gradações, e objetos que podem ser mensurados e computados numa operação que os transformará um todo maior integrativo das partes componentes.
---------------------------------------------------------------
A parte, o todo, os viéses cognitivos e as forças e contraforças.
Os erros cognitivos, ou viéses comportamentais, podem ser compreendidos como situações nas quais uma parte da realidade (a experiência imediata, minhas certezas, minha necessidade de confirmar minhas crenças etc.) tomam o lugar da compreensão do todo, gerando uma parte desequilibrada, fora de sua medida ou lugar.
Vale lembrar que, cada uma dessas partes, antes de seus excessos, já caracterizavam aspectos importantes de nossas vidas e compreensão. É o seu desequilíbrio que a torna um viés.
Assim, cada viés carrega um aspecto, parcial, que tem o seu lugar e função no mundo, mas que desvirtuou-se e por isso prejudica uma melhor percepção da realidade.
Portanto, as partes, em conjunção com o desequilíbrio (que está contido nas forças e contraforças), formam e contém para nós o tópico dos viéses cognitivos, visto que o viés é uma visão parcial, que vê muito de uma coisa, da qual está perto demais, e pouco do restante que existe no mundo.
---------------------------------------------------------------
As partes, o todo e os aspectos da realidade
Um dos erros mais comuns de compreensão da realidade é acreditar que apenas uma parte a constitui como um todo.
Algumas pessoas, muitas dentre os materialistas, acreditam que apenas a parte concreta é suficiente para constituir a totalidade do que é essencial para a realidade. Mas não é.
Outras pessoas, muitas dentre os idealistas, acreditam que apenas a parte abstrata é suficiente para constituir a totalidade do que é essencial para a realidade. Mas não é.
Outros ainda, muitos dentre os cultores do desenvolvimento pessoal e espiritual, acreditam que apenas a parte subjetiva e pessoal é suficiente para constituir a totalidade do que é essencial para a realidade. Mas não é.
Assim, as partes - concreta, abstrata e pessoal - dentre outras, devem ser integradas num todo maior - a realidade como ela é - para podermos alcançar a compreensão necessária para uma vida melhor.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e a realidade que é sobre mim.
Se pensamos no mundo gigantesco que está lá fora, dotado de infinitas realidades concretas, abstratas e intersubjetivas, podemos nos perguntar que sentido faria incluir o nosso autoconhecimento em nossas considerações para a compreensão do mundo.
Pois bem, essa é uma peça-chave da compreensão do mundo. Pois nós somos o epicentro do mundo que observamos, e o vemos bastante influenciados por quem somos.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e o princípio da existência.
Muitas vezes quem olha para o todo ignora as partes que o constituem, às vezes porque lhe desagradam suas incoerências, às vezes porque são muitas informações, às vezes por outros motivos.
E em igual medida se olha para as partes e se ignora o todo - como no ditado no qual vemos as árvores mas deixamos de ver a floresta - às vezes porque a completude da realidade é grande demais para caber na nossa compreensão, às vezes porque estamos enamorados da beleza, coerência e simetria de um certo aspecto que é parte da realidade e que isolamos do restante.
A solução para ambos os problemas é reconhecer a existência simultânea das partes e do todo. E reinventá-las se necessário.
-----------------------------------
“I believe that scientific knowledge has fractal properties, that no matter how much we learn, whatever is left, however small it may seem, is just as infinitely complex as the whole was to start with. That, I think, is the secret of the Universe.”
—Isaac Asimov, I Asimov,1995
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e o princípio da variação.
A variação se mostra nas partes e no todo porque, a todo momento da realidade, as realidades menores, que são partes, estão constituindo novas realidades maiores, e essas, que são todos, estão se reconfigurando em novas realidades menores, numa dinâmica constante de transformações.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e o princípio do pertencimento.
As partes, o todo, e suas dinâmicas próprias estão intimamente ligadas ao fundamento do pertencimento. Primeiro que as relações que o caracterizam são as relações entre as partes e o todo que formam esse último.
E segundo e mais importante, o pertencimento é a natureza do todo que integra suas partes, e das partes que se integram num todo maior. O pertencimento aparece como decorrência da natureza das partes que incompletas e parciais demandam e precisam de um todo que as integre.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e o princípio da autonomia.
Da mesma forma que o pertencimento envolve as partes, a autonomia envolve o todo, pois esse, sendo completo (naquele momento pelo menos) apresenta com mais obviedade a sua independência, distinção, autorreferência e autonomia.
Não que o todo não tenha pertencimento, ele tem, ou que a parte não tenha autonomia, ela tem, mas em termos de relação original as pertinência que apontamos fazem algum sentido.
----------------------------------------------------------
As partes, o todo e a realidade pessoal.
O que é humano não nos deveria ser estranho, mas muitas vezes é, dada a infinita variedade de nossas subjetividades.
A realidade pessoal é o aspecto que reservamos para tratar dessas subjetividades.
Quando penso em um momento difícil meu - uma discussão, uma frustração, uma mágoa, etc. - penso que eu fiquei irritado, eu estou odiando uma pessoa, eu estou com raiva. Mas, numa perspectiva mais libertadora, estou tomando uma parte minha - que realmente sente isso - por meu "eu", que é maior do que isso.
Esse "eu maior" é um eu ampliado, que contém nossas partes desafiantes, indigestas, mas também contém espaço para outras partes, outras possibilidades.
No “eu maior” o que antes era “eu" passa a ser apenas uma parte minha, dentre outras.
É uma boa forma de ver nossas limitações e defeitos, como parte de um todo maior, ou seja, há espaço para novas possibilidades, apertar das partes "ruins" (isso já é um julgamento), que também pertencem.
-------------------------------------------------------------
crédito da imagem: Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/publicdomainpictures-14/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=313585">PublicDomainPictures</a> por <a href="https://pixabay.com/pt//?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=313585">Pixabay</a>


Nenhum comentário:
Postar um comentário